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Escândalo em Espanha. PS questiona ministra da Saúde sobre grupo privado que gere hospital de Cascais

CEO do grupo privado de saúde que gere também o hospital de Cascais foi gravado a dar instruções a dirigentes de um hospital em Madrid para aumentar listas de espera e rejeitar pacientes não lucrativos. PS questiona ministra da Saúde, Ana Paula Martins, sobre o escândalo. Socialistas querem saber se o Governo “está em condições” de afirmar que o mesmo tipo de orientações não foram dadas em Cascais e lembra que aquele grupo privado já manifestou interesse a concorrer a outras PPP (parcerias público privadas) nacionais.
9 Dezembro 2025, 13h03

A polémica estalou na semana passada no país vizinho. O CEO do grupo privado de saúde Ribera Salud, que gere vários hospitais públicos em Espanha, e em Portugal o hospital de Cascais, foi gravado a dar ordens a 20 dirigentes do hospital Torrejon de Ardoz (Madrid) para que fosse dada prioridade aos doentes mais “rentáveis” em detrimento de outros e para que se adiassem ou não se realizassem atos de saúde. Terá ainda dado orientações de redução de custos, nomeadamente a para a reutilização de materiais clínicos de uso único.

“Todos vocês sabem que a correlação entre o balanço de lucros e perdas e a lista de espera é direta”, disse Pablo Gallart a cerca de 20 dirigentes do Hospital Torrejón de Ardoz,  disse Pablo Gallart aos dirigentes daquele hospital, segundo noticiou o El Pais, jornal que teve acesso aos áudios. Na sequência da polémica, o grupo privado demitiu os quatro dirigentes que denunciaram as medidas impostas através do canal de denúncias.

Por cá, o Partido Socialista (PS) questionou a Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, lembrando que, além de o grupo Ribera Salud gerir o hospital de Cascais, já manifestou interesse em concorrer a outras PPP nacionais.

Os socialistas querem saber se o Governo está “em condições de garantir que orientações semelhantes não foram igualmente dadas na PPP de Cascais” e que iniciativas foram tomadas para assegurar junto do hospital que estas mesmas orientações não foram dadas em Portugal e que os contratos estão a ser “rigorosamente” cumpridos.

O PS questiona ainda como está o Executivo a pensar reforçar a Entidade Reguladora da Saúde e a ACSS (Administração Central do Sistema de Saúde) no contexto do alargamento das PPP na saúde, já anunciado.

A bancada socialista assinala que em causa, no escândalo espanhol, estão “várias situações de incumprimento dos princípios mais básicos da proteção da saúde e dos direitos dos cidadãos”.

As polémicas declarações do CEO do grupo privado de saúde espanhol têm suscitado intenso debate no país vizinho e levantar questões sobre o modelo de concessões hospitalares. “Fazem da saúde um negócio e da doença uma oportunidade para enriquecer”, atacou o Presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, numa reação publicada na rede social X.

“Este é o modelo do PP: Fazer da saúde um negócio e da doença uma oportunidade para enriquecer. O CEO de uma empresa a decidir sobre a vida das pessoas: é nisto que consiste a privatização da saúde. Mais listas de espera, mais rentabilidade, mais injustiças. Não vamos permiti-lo. O Governo defenderá a saúde púbica com todos os instrumentos do Estado”, pode ler-se.

Perante o escândalo, a ministra da saúde espanhola já exigiu o fim do contrato de concessão e pediu uma inspeção a todos os hospitais públicos geridos pelo grupo. Ao todo, o grupo Ribera Salud gere 14 hospitais, um deles o de Cascais, e mais de 60 clínicas e unidades de cuidados de saúde primários.

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