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Escritor-fantasma de Sócrates nomeado como júri das provas orais de candidatos a magistrados

Domingos Farinho terá recebido 100 mil euros para redigir a tese académica de José Sócrates que deu origem ao livro “A Confiança no Mundo”. O professor de Direito vai ser membro do júri das “provas da fase oral e da avaliação curricular” no concurso de acesso ao Centro de Estudos Judiciários.
14 Maio 2018, 15h09

O alegado escritor-fantasma da tese académica de José Sócrates, antigo primeiro-ministro, foi nomeado como membro do júri das “provas da fase oral e da avaliação curricular” do 34º Curso de Formação de Magistrados. Ou seja, Domingos Farinho vai avaliar os candidatos a magistrados no concurso de acesso ao Centro de Estudos Judiciários, ao mesmo tempo que está a ser investigado pelo Ministério Público, sob suspeita de crimes de peculato e falsificação de documento.

De acordo com a revista “Sábado”, que avançou com a notícia em primeira mão, Domingos Farinho “foi investigado no âmbito da ‘Operação Marquês’ por suspeitas de ter recebido 100 mil euros, através de uma sociedade de Rui Mão de Ferro, para redigir a tese de José Sócrates. Também a sua mulher, a advogada Jane Kirkby, recebeu montantes com a mesma origem. Ambos foram ouvidos como testemunhas na ‘Operação Marquês’. Aquando do despacho de acusação, o Ministério Público ordenou a extração de certidão sobre esta matéria para investigar crimes de peculato (utilização de meios públicos para fins privados) e falsificação de documentos”.

Importa salientar que Farinho nega ter escrito a tese académica de Sócrates que deu origem ao livro “A Confiança no Mundo”, sublinhando que se tratou apenas de um trabalho de revisão. Tese aliás corroborada pelo próprio Sócrates. “Porém, segundo o relatório final da Autoridade Tributária que consta dos autos, ‘pela análise da caixa do correio eletrónico do arguido José Sócrates identificou-se algumas conversas onde se indicia que Domingos Farinho não fazia apenas trabalho de revisão, mas também fazia trabalho de investigação e de redação de texto, que posteriormente era revisto e analisado pelo arguido José Sócrates'”, recorda a “Sábado”.

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