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Espanha ultrapassa Itália como porta de entrada de imigrantes na Europa

Mais de 22 mil imigrantes chegaram a Espanha durante os primeiros sete meses do ano, o que coloca o país à frente da Itália.
  • Vadim Ghirda
4 Agosto 2018, 18h31

O pequeno porto de Tarifa, no extremo sul da Espanha, tem sido por estes dias um dos mais procurados pelos navios que transportam imigrantes que querem chegar à Europa. Desde o início do verão, os serviços de resgate espanhóis, sob a tutela do Ministério do Equipamento, trouxeram diariamente centenas de imigrantes para os portos de Tarifa, Algeciras, Barbate, mas também Almeria, Motril e Valência. E as infraestruturas de receção estão a transbordar, segundo avançam os jornais espanhóis.

Estão longe das chegadas maciças de 2015 (na Grécia, quando mais de 800 mil imigrantes desembarcaram nas suas costas) ou de 2016 (na Itália, quando chegaram mais de 180 mil), mas mais de 22 mil imigrantes chegaram durante os primeiros sete meses do ano ao sul de Espanha – três vezes mais do que há um ano atrás – numa altura em que outras estradas estão bloqueadas, o que torna a Espanha na principal via de acesso para os imigrantes à Europa.

Para lidar com essas chegadas, o presidente do governo socialista, Pedro Sánchez, anunciou esta sexta-feira a criação de um ‘comando único’ responsável pelo controlo da imigração, na tentativa de que as novas chegadas não fiquem à mercê do acaso.

Recorde-se que, há várias semanas, a Espanha aceitou receber imigrantes que estavam a ser reencaminhados das rotas italianas para Malta e para a Líbia, e que o novo chefe do governo espanhol se prontificou a aceitar a sua entrada nos portos espanhóis.

Apesar de ser recorrentemente procurado pelos imigrantes e refugiados que partem do norte de África, e salvo casos esporádicos, a aceitação da sua presença em Espanha nunca foi um problema nem um assunto que determinasse confrontações políticas entre partidos.

Do outro lado, tem havido várias queixas: sazonalmente, as forças policiais encontram empresas – normalmente da área da agricultura intensiva – que usam mão-de-obra imigrante de forma próxima da escravatura, o que já motivou várias prisões e muitas queixas em tribunal.

Entretanto, as autoridades espanholas estão convencidas de que, com o fecho da rota para Itália, o país continuará a ser o mais procurado pelos navios que transportam imigrantes para a travessia do Mediterrâneo.

Entretanto, a Líbia acolhe neste momento cerca de 679 mil pessoas em situação irregular, das quais 8% são menores, indicou a Organização Internacional das Migrações (OIM) num comunicado divulgado este sábado na sua página na Internet. A OIM diz que os migrantes são originários de 42 países, tendo 65% vindo do Egito, Sudão, Chade e Níger.

Dados da OIM indicam que mais de 171.635 imigrantes clandestinos conseguiram chegar à Europa em 2017, enquanto 3.116 desapareceram no Mediterrâneo. Em janeiro deste ano mais de 6.200 fizeram a travessia e 359 morreram na tentativa.

 

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