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Especial 2018: as opiniões dos protagonistas (II)

O Jornal Económico pediu a personalidades de diferentes quadrantes da sociedade portuguesa para projetarem as suas expectativas e ambições para o próximo ano. Leia aqui a de Luís Cortes Martins, Isabel Capeloa Gil, Pedro Ferraz da Costa, João Vieira Lopes e Alberto Ramos.
31 Dezembro 2017, 21h00

“Um excelente ano económico”

Luís Cortes Martins, managing partner da SLCM

Creio que 2018 tem condições de ser um excelente ano no plano económico. Os bons resultados das economias americana, japonesa e europeia bem como uma recuperação, ainda que tímida do Brasil, e uma estabilização dos mercados asiáticos abrem boas perspectivas.
Claro que os imprevistos, que em maior ou menor escala, sempre acontecem, se encarregarão, ou não, de iludir as boas perspectivas.
O maior problema são as cada vez maiores tensões geopolíticas: Coreia do Norte, Catalunha, Brexit, Polónia e o sempre complexo Médio Oriente. A Europa precisa desesperadamente de liderança e de um projecto que entusiasme para além das cinzentas declarações de gabinete.
Passada a crise da divida soberana é tempo da politica pura e dura. E os políticos? Estão por aí?
Em Portugal creio que poderemos continuar a contar com a “mola” do Turismo e continuará a trajectória de consolidação das finanças públicas. Mas com o aproximar das eleições o OE para 2019 será complexo e poderá gerar alguma instabilidade interna lá mais para o final do ano.
Há investimento estrageiro, o imobiliário está ao rubro, e com as subidas dos ratings da Republica e de algumas empresas, é previsível que a nossa economia esteja mais no radar dos investidores estrangeiros.
Se a isto conseguíssemos somar uma reforma séria e justa do Estado no sentido de reduzir a despesa corrente e tornar o sistema de justiça mais eficiente certamente ainda teríamos uma melhor performance. Ah!! e já agora não agravem a carga fiscal.

“Que em 2018 não se repita a falência das funções do Estado”

Isabel Capeloa Gil, reitora da Universidade Católica Portuguesa

A imprevisibilidade que assolou 2017 não deve continuar no próximo ano. Sobretudo porque o estado de espírito da nação mudou. A depressão deu lugar à euforia, substanciada em indicadores tão positivos que até as malévolas agências de rating confirmam uma subida da notação da nação, tão destacada como improvável nos cenários pós 2011.
Após a catástrofe de 2016 com o Brexit e a eleição de Trump, 2017 tem sido um ano de ressaca. Os populismos agigantam-se na Hungria e Polónia e são travados em França, no Médio Oriente a guerra parece ter entrado num momento regressivo, e até as boutades do Presidente americano contra o Irão e a Coreia do Norte parecem seguir o previsível decorrer da sua retórica política divisiva.
Nesta nova normalidade, 2018 trará de novo a questão catalã, tão longe de resolução como no dia em que o governo de Espanha proibiu o referendo; trará de novo o receio do nuclear no Extremo Oriente. Em Portugal, o orçamento de 2019 será o teste definitivo à robustez da aliança governativa de esquerda, na oposição preparam-se os candidatos que congregarão a alternativa à direita, e o país esperará, com maior determinação, que 2018 não repita a falência das funções do Estado. O país espera responsabilidade dos governantes, equidade, justiça, e sobretudo uma visão para o país, que não se limite à propaganda das praias, mas se faça através da disseminação da grandeza, das capacidades e da inovação dos portugueses.

“Perspectivas globais risonhas e modernização interna”

Pedro Ferraz da Costa, presidente do Forum para a Competitividade

1 – As perspectivas para 2018 são risonhas a nível global.
Um forte crescimento nos EUA ajudará ainda mais o crescimento global. Mas um sobreaquecimento dessa economia fará subir quer o dólar, quer as taxas de juro.
Para Portugal era preferível que o crescimento americano não chegasse ao ponto em que arrastará uma subida significativa dos juros, com consequências pesadas para os custos da nossa dívida.
A União Europeia, que está numa fase mais atrasada do ciclo económico, deverá continuar a crescer bastante bem o que é bom para as nossas exportações.
Pontos de interrogação: situação na Catalunha e governo na Alemanha
2 – Internamente, e com a direcção política dos pesos-pesados europeus já clarificada, abre-se um período onde será possível discutir a modernização da economia portuguesa, bem como as medidas necessárias a um crescimento com mais qualidade, em termos de produtividade e de salários e de investimentos para o futuro.
A economia portuguesa está a crescer acima do seu potencial graças ao turismo e precisa de investimento, que tem sido muito pequeno, para aumentar o seu potencial de crescimento e para não se deixar atrasar mais face aos nossos parceiros europeus.

Abrandamento económico e sinais de preocupação

João Vieira Lopes, presidente da CCP

Os grandes indicadores da economia portuguesa em 2017 expressam inequivocamente uma alteração de sinal positivo. Aceleração do crescimento da economia, crescimento robusto das exportações, criação de emprego líquido, forte crescimento do investimento – sobretudo privado, descida das taxas de juro dos títulos de dívida pública, reflectida na diminuição da despesa com juros e que, a par com o crescimento da economia, explica grande parte da redução do défice do OE em 2017, e o saldo positivo da conta da Segurança Social.
Estes bons números de 2017 foram, sabemo-lo, fruto de uma dinâmica conjuntural favorável e factores que dificilmente se repetirão nos próximos anos. A questão que importa é pois se estamos perante um novo ciclo sustentável.
O cenário macro formulado para 2018 é já de alguma desaceleração que dificilmente deixará de se manter em anos seguintes. Não podemos perder a noção de que a economia portuguesa continua frágil e que numa trajectória de médio prazo são muitos os motivos de preocupação. Nomeadamente, o valor muito elevado da dívida pública e uma, sempre possível, inflexão no curto prazo da conjuntura internacional, bem como o contributo negativo da procura externa líquida em volume com o saldo da balança de bens a ser fortemente negativo. Por último, a insuficiente dinâmica “reformadora” por parte do Governo, que períodos pré-eleitorais tenderão a reforçar, e a incerteza quanto ao impacto do “Portugal 2020” numa perspectiva estruturante e de médio prazo e que os números de execução conhecidos não permitem atenuar.

“Otimismo e sólida expansão económica”

Alberto Ramos, country manager do Bankinter Portugal

Estou muito otimista em relação a 2018. Com base no nosso departamento de análise, acreditamos no Bankinter que, a nível internacional, 2018 deverá ser marcado por uma sólida expansão das principais economias do mundo. Neste cenário, a Zona Euro, que se encontra imersa num momento cíclico bastante favorável, deverá destacar-se.
As melhorias no mercado laboral, em conjunto com uma maior confiança das famílias, deverão permitir manter um crescimento económico sustentável e reduzir a dependência das políticas expansionistas do BCE.
Empresas e famílias continuarão a beneficiar de umas condições de financiamento muito atrativas, o que irá dinamizar ainda mais o crescimento económico.
Para Portugal, cremos que este será um ano de consolidação do progresso realizado no ano transato. O regresso do rating ao mundo do “Investment Grade” transmite confiança aos investidores estrangeiros e tem permitido aliviar de forma significativa a fatura com os juros. Em simultâneo, a retoma nas principais componentes do PIB – Consumo Privado, Investimento e Exportações – aparenta ser sustentável e duradoura.
Acredito, por isso, que 2018 tem todas as condições para ser um bom ano para as famílias e empresas em Portugal. E no Bankinter Portugal, temos a ambição saudável de continuarmos a crescer e de sermos uma referência no mercado nacional, de continuar a conquistar a confiança de cada vez mais clientes e de reforçar a confiança que os nossos atuais clientes depositam em nós.

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