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“Esquemas de fraude”. Ministério Público acredita que Vieira beneficiou “pelo menos” de 2,5 milhões de euros da Benfica SAD

Defende o MP que entidades dos EUA, Emirados Árabes Unidos e Tunísia (controladas direta ou indiretamente por Bruno Macedo), terão sido instrumentalizadas no sentido de nestas “serem parqueadas verbas obtidas através da simulação de negócios” que envolveram a Benfica SAD.
10 Julho 2021, 09h00

O Ministério Público (MP) acredita que, o que está em causa na Operação “Cartão Vermelho”, são “esquemas de fraude montados em proveito de Luís Filipe Vieira e dos grupos de empresas, à custa do prejuízo dos interesses do SL Benfica, do ex-Grupo Espírito Santo e do atual Novo Banco e ainda do Estado Português. De acordo com o despacho de buscas elaborado pelo Ministério Público, este prejuízo foi feito “em sede da arrecadação de impostos” mas também no que concerne ao financiamento público ao Fundo de Resolução e ao mecanismo de Acordo de Capital Contingente.

No que diz respeito aos “esquemas que se suspeita terem lesado” o SL Benfica, o MP acredita que o presidente do clube que suspendeu funções esta sexta-feira “obteve o comprometimento” de pessoas da sua família, como Tiago Vieira, mas também do mundo empresarial, caso de Bruno Macedo, ligado à área do agenciamento e intermediação de jogadores de futebol.

Defende o MP, que entidades estrangeiras “do tipo offshore” e com registo nos EUA, Emirados Árabes Unidos e na Tunísia (controladas direta ou indiretamente por Bruno Macedo), terão sido instrumentalizadas no sentido de nelas “serem parqueadas verbas obtidas através da simulação de negócios” que envolveram a Benfica SAD. Acredita o MP que um valor global de “pelo menos” 2,5 milhões de euros (2.494.900,00 euros) terá sido utilizado no interesse de sociedades do ramo imobiliário da esfera pessoal do ainda presidente do Benfica, designadamente “para a amortização de passivo e para a venda de ativos.

De acordo com esse despacho, o MP considera “essas estruturas constituídas por terceiros (registadas nos EUA, Emirados Árabes Unidos e na Tunísia) foram criadas para permitir a transferência de quantias para Portugal, a favor de sociedades do grupo de empresas de Luís Filipe Vieira, fundos provenientes da Benfica SAD. Mais: os investigadores acreditam na existência de um outro esquema “que passou por uma sociedade nacional detida por Bruno Macedo que veio a receber fundos cuja origem era a Benfica SAD para depois utilizar na aquisição de ativos de empresas” do grupo de Vieira.

O facto de Luís Filipe Vieira gerir os destinos da SAD levou a que, na convicção do MP, o presidente do clube e da SAD tenham chegado a acordo “para que em sede de contratação e venda de jogadores a Benfica SAD recorresse aos serviços de Bruno Macedo, realizando pagamentos para as entidades indicadas por este último, mas de forma excessiva e indevida, permitindo que viessem a verificar-se retornos de quantias mas tendo com beneficiárias sociedades com o controlo direto ou indireto de Vieira”. E é aqui que entra, no entender do MP, o filho do líder máximo do Benfica, Tiago Vieira

Dérlis, Cláudio e César: para onde foi o dinheiro?

Para o MP, Bruno Macedo utilizou três entidades para o recebimento de ganhos obtidos com a intermediação de jogadores para aquisição da Benfica SAD. Acreditam os investigadores que a Master Internacional FZE terá sido sido utilizada para “parquear uma mais-valia gerada na venda de direitos económicos sobre dois atletas: Dérlis González e Cláudio Correia, que se estima no montante de 1 milhão e 280 mil euros, valor que deveria ter sido refletido como um ganho nas contas da Benfica SAD”.

“Em 2015 e 2016, a Benfica SAD pagou diretamente à Master Internacional FZE um montante global de 2,6 milhões de euros, sendo que tais ganhos foram mobilizados, na sequência do acordado entre Vieira e Bruno Macedo, para, pelo menos em parte, virem a beneficiar as sociedades do grupo” do presidente do Benfica, acredita o MP

Já a sociedade Trade In terá sido “utilizada para titular direitos económicos sobre o atleta César Martins, sendo que num breve espaço de tempo vendeu parte desses direitos à Benfica SAD por um valor bastante superior, gerando em Portugal um aumento de custos que resultam na diminuição da tributação da Benfica SAD no valor de 1.302.941,18 euros”.

Quanto à Internacional Sports Fund, diz o MP que a mesma foi utilizada por Bruno Macedo “para transferir, a partir de uma conta junto de um Banco no Panamá, para Portugal, mais propriamente para contas do Montepio Geral do mesmo BM e das suas sociedades (Vastos Limites e BM Consulting) um quantia total de 1.314.517,04 euros entre final de 2013 e junho de 2016”.

Este despacho aponta ainda que “a sociedade SpringLabyrinth, também de Bruno Macedo, foi utilizada para receber em Dezembro de 2015 e Março de 2016, montantes que também tiveram origem na International Sports Fund os quais somaram o montante de 830 mil euros a que acresceram mais 150 mil euros recebidos em agosto de 2017 com origem na Astro Sports Management”.

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