A cumprir o centésimo aniversário, o Clube Futebol Os Belenenses atravessa, provavelmente, o momento mais conturbado da sua história. Em entrevista ao ‘Jogo Económico’, o presidente do clube está otimista na sustentabilidade do histórico emblema lisboeta.
Este processo de cisão de SAD e clube pode ser decisivo para que outros clubes temam o investimento?
Não gostava que nos acantonassem no lado do futebol romântico. Nós acreditamos que o investimento faz falta ao futebol em Portugal e é incontornável para alavancar os projetos. Há, no entanto, que fazer um escrutínio grande de quem são os investidores, qual a origem do capital e quais os propósitos e vontade dos mesmos. O caso do Belenenses acabou por ser uma aprendizagem no mundo do futebol português. Aquilo que fica plasmado nos contratos é muito importante. Como tudo na vida, é preciso ter sorte. Neste caso, é preciso ter bons advogados que consigam blindar os contratos mas é preciso apanhar gente séria do outro lado porque sem isso, não há contratos que resistam.
Como está o processo de alienação dos 10% que o clube ainda tem na SAD?
Em junho de 2018, com o fim do protocolo que regulava as relações entre clube e SAD, fizemos uma assembleia-geral para que tentássemos que aquela equipa que joga no Jamor pudesse ter qualquer relação com o CF Os Belenenses e para vender os 10% que tínhamos na SAD.
Interpusemos uma ação no tribunal da propriedade intelectual para impedir que a SAD pudesse utilizar as nossas marcas e símbolos. Ganhámos essa ação na primeira instância e há uma sanção compulsória com uma ação executiva que já supera um milhão de euros. Perante o incumprimento das decisões judiciais colocámos à venda os 10% através de um anúncio articulado com a CMVM.
Temos 60 dias para analisar as propostas, há um caderno de encargos muito específico e o clube irá vender não à melhor proposta mas aquela que melhor defende os superiores interesses do clube.
Em cada momento deste processo, os sócios sempre souberam o que pretendiam. Do lado da SAD, ainda hoje não sabe o que quer. Da nossa parte, queremos a separação total, como num divórcio. O Belenenses veio ao inferno e vai fazer o seu caminho: não queremos que haja uma equipa a fazer-se passar pelo que não é.
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