Os Estados Unidos ordenaram a todo o pessoal diplomático não essencial estacionado na sua embaixada em Bagdad, capital do Iraque, e ao consulado em Erbil, capital do Curdistão iraquiano, que abandonassem de imediato os seus postos diplomáticos.
O “alerta de segurança” emitido pelo Departamento de Estado é dirigido a todos os funcionários do governo norte-americano no Iraque e em parte do Curdistão que não tenham motivos inadiáveis para se manterem naquelas duas regiões. A nota adverte ainda que os serviços de vistos em ambas as posições serão “temporariamente suspensos”.
A decisão da Casa Branca segue-se a um crescendo de tensão na região, depois de os Estados Unidos terem intensificado as suas sanções contra o Irão e terem dado mostras de poderem avançar para um ataque armado se se der o caso de os iranianos decidirem de alguma forma responder àquilo que têm chamado provocações.
Ao mesmo tempo, os exércitos alemão e holandês cancelaram treinos de pessoal local no Iraque, também devido à crescente tensão regional. E ainda ontem a Espanha decidiu retirar um seu navio de guerra do ‘comboio’ marítimo norte-americano em que seguia, depois de este se ter desviado da rota prevista e ter penetrado no Estreito de Ormuz, em direção ao Golfo Pérsico.
Nos Estados Unidos, o secretário de Estado Mike Pompeo afirmou ter recebido informações sobre as atividades do Irão que colocaram “o pessoal norte-americano no Iraque em perigo iminente”. Washington reforçou a sua presença militar no Golfo, enviando o porta-aviões USS Abraham Lincoln, o navio de assalto anfíbio USS Arlington, uma bateria anti-míssil Patriot, bombardeiros e um submarino – o referido ‘comboio’ que o navio espanhol abandonou.
Os “sinais” detectados pelos serviços de inteligência nofrte-americanos, segundo autoridades citadas pelo jornal The New York Times, apontam para potenciais ataques de milícias xiitas ligadas ao Irão contra as tropas dos Estados Unidos sediadas no Iraque e na Síria.
A falta de transparência com a qual Washington denunciou uma ameaça tão séria causou ceticismo por parte das autoridades iraquianas. Também um alto comando militar britânico, o General Chris Ghika, vice-comandante da coligação liderada pelos Estados Unidos para combater os remanescentes do Daehs no Iraque e na Síria refutou a avaliação de risco realizada pelos Estados Unidos. “Não houve uma ameaça maior das forças apoiadas pelo Irão no Iraque e na Síria, estamos claramente conscientes de sua presença e observamos”, disse.
Poucas horas depois, Ghika, que há tempos conversou com jornalistas ocidentais por ‘conference call’, foi desmentido pelo Comando Central do Exército – algo muito pouco usual – o que lançou ainda mais suspeitas sobre a matéria.
Entretanto, a União Europeia voltou esta quarta-feira a afirmar o seu comprometimento com o acordo nuclear assinado com o Irão. Comentando o assunto, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, recordou que a Agência Internacional de Energia Atómica, organismo responsável pela avaliação do cumprimento do acordo, “fez pelo menos 15” visitas de controlo ao Irão e “em todas elas não encontrou qualquer incumprimento da sua parte”, pelo que, exatamente para não se transformar em incumpridor, o lado da União mantém-se fiel ao que está assinado.
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