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Estados Unidos: Trump prepara-se para uma semana difícil

Continuam as consequência do relatório Mueller sobre as ligações entre o Presidente e a Rússia: Justin Amash, congressista republicano, acha que há todas as condições para o Congresso iniciar um impeachment contra Trump.
20 Maio 2019, 07h41

Não é provável que o processo venha a desenrolar-se, mas o certo é que Justin Amash, congressista republicano do Michigan, pediu um impeachment (processo político-criminal instaurado por denúncia no Congresso para apurar responsabilidades de um alto funcionário norte-americano) contra Donald Trump.

Amash junta-se assim a várias vozes que, no Congresso, têm falado repetidamente de que o presidente tem vários processos necessários e suficientes para um impeachment, mas é o primeira republicano, o partido de Trump, a fazê-lo.

Amash é um político liberal e bastante independente das linhas do partido, apesar de ter sido um dos adeptos da ‘onda’ do Tea Paarty  e, segundo a imprensa do país, chegou a ponderar a ideia de uma corrida contra Trump em 2020. Mas para já é uma voz sozinha entre os republicanos: nenhum outro congressista do partido alinhou com o discurso de Amash.

Amash disse no Twitter que o advogado especial Robert Mueller identificou, na sua investigação sobre a interferência russa na eleição de Trump, “múltiplos exemplos de conduta que preenchem todos os elementos de obstrução à justiça e, indubitavelmente, qualquer pessoa que não seja o Presidente dos Estados Unidos seria indiciada com base em tais evidências”.

Mueller não encontrou evidências de uma conspiração entre Trump e alguém na Rússia, mas estabeleceu contactos entre assessores do Presidente e Moscovo e 11 casos de obstrução potencial à justiça pelo Presidente ou por responsáveis da sua campanha. Sobre a questão da obstrução, Mueller disse que o Congresso deveria decidir o que fazer. O procurador-geral, William Barr, não encontrou justificação para acusar Trump de obstrução e o casio morreu ali.

Ou não: Amash disse que Barr “deturpou deliberadamente” a investigação de Mueller. “Ao contrário do retrato de Barr, o relatório de Mueller revela que o Presidente Trump se engajou em ações específicas e assumiu um padrão de comportamento que toca o limite para o impeachment”, escreveu ainda o congressista republicano.

O impeachment, escreveu, “requer a descoberta de que um funcionário se tenha envolvido em conduta descuidada, abusiva, corrupta ou desonrosa”. O impeachment teria de ser iniciado pelo comité judiciário da Câmara, mas nem sequer os democratas estão certos de esse ser o caminho.

Por um lado, porque não parece haver no país uma ‘onda’ contra Trump que de algum modo pudesse escudar na opinião pública uma iniciativa desse género; e por outro porque os indícios que podem iniciar o processo não parecem ser tão seguros quanto o que seria desejável.

Amash escreveu que “embora o impeachment deva ser realizado apenas em circunstâncias extraordinárias, o risco que enfrentamos num ambiente de extremo partidarismo não é que o Congresso o empregue com demasiada frequência, mas sim que o Congresso o emprega tão raramente que não é impeditivo a má conduta”. “Quando a lealdade a um partido político ou a um indivíduo supera a lealdade à Constituição, o Estado de direito – o fundamento da liberdade – desmorona”.

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