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“Estamos hoje melhor preparados para o combate aos incêndios”

O que mudou no combate aos fogos desde a tragédia de 2016? Da criação do Comando Regional de Operações de Socorro ao reforço de meios até ao helicóptero, a Proteção Civil já investiu cerca de 5 milhões. Governo exige os 30,5 milhões euros prometidos por Lisboa.
17 Agosto 2018, 07h38

É difícil apagar da memória os incêndios que, em Agosto de 2016, queimaram cerca de 22% da área do Funchal e 8% do arquipélago, causando a morte de três pessoas. Este ano, a Região voltou a enfrentar as chamas, contando, pela primeira vez na história, com o apoio de um helicóptero que custou ao orçamento regional 1,2 milhões de euros. “Estamos hoje melhor preparados para o combate aos incêndios”, garante o tutelar da Proteção Civil, Pedro Ramos. Contudo, há ainda muito por fazer na área da prevenção.

O que mudou então desde 2016? Pedro Ramos não tem dúvidas de que o constante aprimoramento do Plano Operacional de Combate a Incêndios Florestais (POCIF), a criação do Comando Regional de Operações de Socorro (CROS), o reforço da formação e a vinda do helicóptero têm permitido assegurar uma melhor resposta no combate aos fogos. Foi o caso dos incêndios de dimensão considerável nas Fontainhas, Campanário e Camacha.

“Nas três situações que já tivemos na Região, o meio aéreo foi utilizado com um contributo extremamente importante numa perspetiva de ataque inicial, permitindo o controlo dos incêndio em zonas de difícil acessibilidade. Foi sem dúvida uma grande ajuda”, assegura Pedro Ramos.

Apto a fazer descargas de 3 em 3 minutos, o helicóptero abastece em 144 postos espalhados por toda a Região, mas a sua eficácia deve-se em muito ao trabalho das equipas no terreno, a quem cabe circunscrever o fogo.

A entrada em funcionamento do CROS e a presença em esquema rotativo dos comandantes das diversas corporações permitiu, explica Pedro Ramos, assegurar uma maior simbiose entre todas as equipas do terreno.

“A criação desta estrutura que funciona durante 24 horas tem permitido iniciar o ataque rápido a todas as situações detetadas. Por outro lado, a presença de todas as equipas afetas ao POCIF no terreno durante 24 horas tem-se mostrado muito útil desde 2015”, conclui.

Meio milhar a patrulhar as serras da Madeira
Por semana, diz Pedro Ramos, uma centena e meia de equipas, a funcionar com quase 500 elementos, percorre entre 10 a 11 mil km  nas serras da Madeira. Desde a entrada em vigor do POCIF, a 15 de junho , já  foram detetatadas 241 ignições, entre queimadas ilegais e focos de incêndio.

A Madeira investiu um total de 5 milhões de euros em meios, equipamentos e o helicóptero. Em setembro, vai receber novas viaturas ligeiras de combate a fogos, só em setembro, explica Pedro Ramos, por questões contratuais.

No âmbito da prevenção, Pedro Ramos refere também a importância das faixas corta e da recuperação dos postos de vigilância florestal. “As faixas corta fogo têm permitido isolar e fazer um travão à progressão das chamas em casa de incêndio”, declara.

Melhor munida de equipamentos e recursos humanos, a Madeira tem todavia muito trabalho por fazer na área da prevenção. “Se calhar ainda não temos a floresta bem limpa, nem os proprietários perfeitamente elucidados para limpar as florestas. Se calhar as coimas não estão a funcionar, embora honestamente a nossa dimensão permita um melhor controlo dessa situação”, exemplifica Pedro Ramos.

O secretário da Saúde que tem a tutela da  Proteção Civil apela ao cuidado da população, sobretudo na questão das queimadas que são ilegais, e deixa críticas a Lisboa.  “Da verba prometida, 30,5 milhões de euros, ainda não recebemos absolutamente nada”, lamenta, lembrando que o dinheiro faz falta para a construção das habitações destruídas pelo fogo em 2016 e para a consolidação de taludes, entre outras coisas.

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