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Estamos mais seguros 10 anos após a crise? Olhem para os riscos, sugere o FMI

“Um novo escalar das tensões comerciais e o aumento dos riscos geopolíticos e incerteza sobre políticas em algumas das grandes economias, poderão levar a um piorar repentino do sentimento em relação ao risco, provocando uma correção alargada nos mercados de capitais globais”, avisa o FMI.
  • Stringer/Reuters
9 Outubro 2018, 01h08

As dificuldades sentidas recentemente pelas economias emergentes em aceder a financiamento vieram aumentar os riscos para a estabilidade financeira global, mas a principal preocupação reside no médio-prazo, diz o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O peso da dívida continua a pairar, mas as tensões comerciais, a geopolítica e a incerteza sobre as estratégias de alguns países poderão causar uma correção repentina nos mercados, alerta a instituição liderada por Christine Lagarde.

Num estudo divulgado esta terça-feira, o FMI explica que a expansão da economia global prossegue, mas está agora mais desequilibrada. “Enquanto as condições globais de financiamento permanecem geralmente mais acomodatícias e apoiam o crescimento a médio prazo, as condições de financiamento em algumas economias de mercados emergentes estão mais apertadas do que em abril, quando foi publicado o Global Financial Stability Report”.

Este ‘apertar’ foi conduzido pela combinação de fatores específicos a alguns países, condições de financiamento externo mais difíceis e tensões comerciais. “Como resultado os riscos a curto prazo para a estabilidade financeira aumentaram de forma modesta, enquanto os riscos a médio prazo permanecem elevados por causa de persistentes vulnerabilidades financeiras relacionadas a níveis elevados de dívida e avaliações sobre-elevadas de ativos”, refere.

“Olhando para a frente, um novo escalar das tensões comerciais, e também o aumento dos riscos geopolíticos e incerteza sobre políticas em algumas grandes economias, poderão levar a um piorar repentino do sentimento sobre o risco, provocando uma correção alargada nos mercados de capitais globais e a um significativo apertar na condições financeiras globais”, avisa o FMI.

Dívida sobe e bancos continuam a mostrar fraquezas

Nos últimos dez anos, os níveis de endividamento aumentaram de forma significativa em vários países e setores. As políticas monetárias para combater a crise foram baseadas em facilitar o financiamento e apoiar a retoma, mas acabaram por criar mais uma montanha de dívida, diz a instituição.

A dívida total do setor não financeiro – empréstimos pedidos pelos governos, empresas não-financeiras e famílias – “expandiu a um ritmo muito mais elevado que o do crescimento da economia”.

Como resultado a dívida total do setor não-financeiro em países com setores financeiros sistemicamente importantes está atualmente no 167 bilhões de dólares, ou mais de 250% do PIB agregado, comparado com 113 bilhões de dólares (210% do PIB) em 2018. “O aumento da dívida tornou o setor mais sensível a aumentos nas taxas de juro”.

Sobre os bancos, o FMI recorda que fortaleceram os balanços desde a crise global financeira e têm atualmente níveis mais elevados de capital e mais liquidez no total.

“Mas as fraquezas nos sistema bancário global são ainda visíveis”, alerta. “O aumento da dívida das famílias e das empresas deixou os bancos em alguns países expostos a devedores com fardos elevados”.

“A combinação de alguns soberanos altamente endividados e o facto de banco deterem obrigações soberana arrisca reacender o nexus banca-soberanos. Além disso, alguns bancos estão expostos a ativos opacos e ilíquidos, ou estão dependentes de financiamento em moeda estrangeira”.

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