[weglot_switcher]

“Estranho que o PS esteja contra medida que está a ser negociada”, diz Mariana Mortágua sobre ‘taxa Robles’

Deputada bloquista estranha posição de líder do grupo parlamentar do PS ao afirmar que socialistas estão contra taxa especial para negócios imobiliários proposta pelo BE. Isto porque, diz Mariana Mortágua, “a medida está a ser negociada com o Governo”.
11 Setembro 2018, 12h55

“Acho estranho que o PS esteja contra uma medida que está a ser negociada”, avançou ao Jornal Económico Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda (BE) em reação à posição do líder do grupo parlamentar do PS, Carlos César, que sinalizou que os socialistas estão contra taxa especial para negócios imobiliários proposta pelo BE.

Em declarações à agência Lusa, Carlos César garante que “não há qualquer intenção do Grupo Parlamentar do PS aprovar a proposta do Bloco de Esquerda”, anunciada por Catarina Martins, manifestando-se nesta terça-feira contra a taxa especial proposta pelo Bloco de Esquerda em relação a negócios no setor do imobiliário, contrapondo que a “especulação” combate-se com aumento da oferta de habitação acessível.

Mariana Mortágua assegura, por sua vez, que a ideia de taxar a especulação imobiliária foi levada ao Executivo liderado por António Costa “ainda antes das férias e está a ser negociada” no âmbito do Orçamento do Estado para 2019 (OE/2019).

Segundo a deputado bloquista, ainda não há valores definidos e avança com o esboço da medida: “a ideia passa por aplicar uma nova taxa de IRS quando o valor de venda do imóvel é muito superior ao valor da compra e quando a rotatividade é muito grande. Neste caso, aplica-se mais aos fundos de investimento que, por exemplo, num dia compram um quarteirão inteiro por atacado e no outro colocam à venda com uma mais-valia”.

Mariana Mortágua sublinha que “não há números ainda” e que a medida “está a ser discutida com o Governo” numa altura em que o líder da bancada socialista vem defender publicamente que, “pelo contrário, a especulação não se combate com uma taxa que é uma repetição do imposto de mais-valias que já existe”.

“A especulação combate-se eficazmente com o aumento de oferta de habitação acessível, como o Governo propôs e aguarda aprovação na Assembleia da República”, defende Carlos César depois de neste domingo, 9 de Setembro, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, ter sinalizado a proposta para travar a especulação imobiliária, adiantando que essa medida tem condições para ser aprovada no âmbito do Orçamento do Estado para 2019.

Catarina Martins avançou que o mecanismo proposto seria semelhante à taxação “dos movimentos da especulação em bolsa”, sujeitando a uma taxa especial quem compra e vende num curto período de tempo e com muito lucro. O Bloco quer “penalizar” os especuladores do setor imobiliário com uma nova “taxa de IRS”.

A nova taxa foi já baptizada como “taxa Robles”, numa alusão ao ex-vereador do BE na Câmara Municipal de Lisboa Ricardo Robles, que se demitiu depois de  o Jornal Económico ter noticiado a 27 de julho que tinha à venda um prémio em Alfama por 5,7 milhões de euros, adquirido por 347 mil euros.

“Um dos maiores problemas do país sobre o seu custo de vida é o preço da habitação”, sublinhou a deputada. Face à “bolha especulativa” que está a pressionar o setor em causa, o BE sugere que — à semelhança do que já acontece no mercado de ações — quem compre e venda “num curto período de tempo e com muito lucro” pague uma “taxa de IRS particular e penalizadora”.

A medida, explicou Catarina Martins, está a ser negociada desde maio, tendo explicado que não está, contudo, ainda fechado o prazo da operação sobre a qual se aplicará a taxa, nem o valor desse “penalização”.

Os bloquistas pretendem que a medida não seja “apenas simbólica”, isto é, que o seu valor e prazo sejam efetivos e tenham, assim, um “impacto real”.  E já sublinharam as suas vantagens: travar a bolha imobiliária, angariar receitas para o Estado e ajudar a controlar os preços da habitação.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.