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Estudo da Mercer coloca Lisboa como a 106ª cidade mais cara do mundo

Através deste estudo, é possível concluir que o preço da gasolina em Lisboa (1,61 euros por litro de gasolina 95 octanas) é dos mais elevados tendo em conta as restantes cidades do ‘ranking’.
  • Praça do Comércio, Lisboa
9 Junho 2020, 00h01

O último estudo da consultora Mercer sobre o custo de vida nas principais cidades mundiais conclui que Lisboa é a 106ª cidade mais cara do mundo, descendo 11 posições neste ‘ranking’ face ao ano passado.

De acordo com este estudo, Lisboa posiciona-se à frente de cidades como Luanda, que figurava na primeira posição desta tabela em 2017.

Hong Kong continua a ser a cidade mais cara do mundo e Tunes, na Tunísia, a cidade menos dispendiosa a nível global.

Do ‘top 10’ das cidades mais caras, seis são asiáticas. O ‘top 3’ é constituído por Hong Kong; Ashgabat, no Turquemenistão; e Tóquio.

“Na sequência do surto de Covid-19, as perturbações socioeconómicas levaram as empresas a reavaliar os seus programas de mobilidade internacional com especial enfoque no bem-estar dos seus colaboradores expatriados. Ao mesmo tempo em que potenciam novas formas de trabalho, mudanças tecnológicas e modelos flexíveis, as organizações estão também a considerar novas alternativas para a concretização dos projetos internacionais, além dos tradicionais programas de mobilidade, para que possam manter as suas operações e equipas que trabalham no estrangeiro”, assinala um comunicado da Mercer.

De acordo com os responsáveis da consultora, “apesar da vontade de crescer e alargar operações a nível global, enquanto navegam pela turbulência de uma crise económica e sanitária, as reduções verificadas ao nível de ‘headcount’ e de salários, bem como as mudanças verificadas nos programas de benefícios, vieram mudar as estratégias de expansão internacional das organizações”.

Por isso, “à medida que as empresas reexaminam programas de talento, de mobilidade e pacotes de remuneração compatíveis com o panorama económico, é imperativo que tenham por base informação transparente e rigorosa para compensar, de uma forma justa, todos os tipos de projetos de mobilidade, não esquecendo as mudanças resultantes da atual pandemia e da subsequente volatilidade do mercado’.

A 26ª edição do estudo ‘Custo de Vida’ da Mercer conclui que um conjunto de fatores, incluindo flutuações cambiais, custo da inflação no que se refere a bens e serviços e a volatilidade dos preços de alojamento, são determinantes para o custo geral dos ‘pacotes de expatriação’ para colaboradores em projetos internacionais.

“Este surto (Covid-19) fez-nos relembrar  que enviar e manter colaboradores em projetos internacionais acarreta uma grande responsabilidade e é uma tarefa difícil de se gerir”, refere Tiago Borges, líder de ‘rewards’ da Mercer Portugal.

Segundo este responsável, “mais do que apostar num ressurgimento dramático da mobilidade, as organizações devem preparar-se para reintegrar as suas equipas de mobilidade, orientando com empatia e tendo presente de que nem todos os expatriados estarão preparados ou dispostos a ir para fora, num contexto como o atual.”

“A curto prazo, a preparação para esta abordagem de mobilidade global deverá implicar a realocação de colaboradores que tenham sido repatriados.  A médio prazo, a prioridade será reajustar os casos de expatriados com novos modelos económicos centrados em cadeias de distribuição mais reduzidas, um aumento de movimentos regionais e uma necessidade renovada de reter talento. Por outro lado, questões como a localização e custo dos projetos internacionais será um fator crucial no pós-crise”, defendem os responsáveis da Mercer.

No que diz respeito a Lisboa, o estudo da Mercer ‘Cost of Living Survey 2020’ indica que a capital portuguesa desceu onze posições no ‘ranking’, passando da 95ª posição em 2019, para o 106º lugar em 2020.

“Através do estudo, é ainda possível concluir que o preço da gasolina em Lisboa (1,61 euros por litro de gasolina 95 octanas) é dos mais elevados tendo em conta as restantes cidades do ‘ranking’. Por outro lado, e comparativamente com a cidade mais cara do ‘ranking’, o preço médio de produtos de limpeza, que inclui antissépticos, produtos de limpeza de casa ou detergente para máquina de lavar loiça, a cidade de Lisboa apresenta um custo médio de 32,90 euros e Hong Kong, a cidade mais cara do mundo para expatriados, o valor médio é de 37,80 euros”, revela o comunicado em questão.

Os consultores da Mercer concluíram ainda que “a cidade de Hong Kong figura no ‘top’ do ‘ranking’ das cidades mais caras para expatriados, seguida de Ashgabat, no Turquemenistão, que ocupa a segunda posição”, acrescetando que “Tóquio e Zurique mantêm-se nos 3º e 4º lugares, respetivamente, ao passo que Singapura, que ocupa o 5º lugar, desceu dois lugares, comparativamente ao ano de 2019”.

Os dados foram recolhidos em março pela Mercer e as flutuações de preço em muitas regiões não se revelaram significantes devido à pandemia.

Outras cidades que se encontram no ‘top 10’ deste estudo são Nova Iorque (5), Xangai (6), Xangai (7), Berna (8), Genebra (9), e Pequim (10).

As cidades menos caras para expatriados são Tunes (209), Windhoek, na Namíbia (208); e Toshkent e Bishkek, respetivamente, capitais do Uzbequistão e da Quirguízia, que empatam no 206º lugar.

“O reconhecido estudo da Mercer é um dos mais abrangentes do Mundo e foi desenvolvido para ajudar as organizações multinacionais e os Governos a definirem estratégias de compensação para os seus colaboradores expatriados. A cidade de Nova Iorque é utilizada como a cidade base para todas as comparações, sendo que os movimentos cambiais têm como referência o dólar norte-americano. O estudo inclui mais de 400 cidades em todo o Mundo; o ‘ranking’ deste ano inclui 209 cidades distribuídas pelos cinco continentes e analisa e compara os custos de mais de 200 itens em cada local, entre eles alojamento, transportes, comida, roupa, bens domésticos e entretenimento”, explica o comunicado da consultora.

“O encerramento de fronteiras, a interrupção de voos, os confinamentos obrigatórios e outras perturbações a curto prazo afetaram não só o preço de bens e serviços, como também a qualidade de vida dos expatriados”, afirma Tiago Borges.

De acordo com este responsável, “as alterações climáticas, questões relacionadas com a pegada ambiental, e os desafios dos sistemas de saúde pressionaram as multinacionais a considerar como os esforços de uma cidade sobre a sustentabilidade podem impactar as condições de vida dos seus trabalhadores expatriados”.

“Cidades com um grande enfoque na sustentabilidade podem melhorar consideravelmente os seus padrões de vida, o que, por sua vez, pode melhorar o bem-estar e envolvimento do trabalhador”, defende Tiago Borges.

Para os responsáveis da Mercer, “a adequada verificação das localizações e compensações dos trabalhadores em projetos internacionais pode ser tão importante quanto dispendiosa”.

“O estudo da Mercer demonstra que o custo de bens e serviços se altera consoante a inflação e a volatilidade da moeda, fazendo que os projetos no estrangeiro oscilem, por vezes, em gastos mais ou menos dispendiosos”, salientam os consultores da Mercer.

“As súbitas alterações nas taxas de câmbio foram maioritariamente impulsionadas pelo impacto que a Covid-19 está a ter na economia global”, refere Tiago Borges.

No entender do responsável, “esta volatilidade pode afetar a mobilidade dos colaboradores nas mais variadas formas, desde a escassez e ajustamento dos preços de bens e serviços às interrupções nas cadeias de abastecimento”, sendo que “o mesmo acontece quando os colaboradores são pagos com a moeda local do país de origem e necessitam de fazer o câmbio para a moeda do país anfitrião para a realização de aquisições ou compras locais.”

Os dados fornecidos pela Mercer relativos às comparações feitas entre o custo de vida e o arrendamento do alojamento, têm por base um estudo realizado em março de 2020.

As taxas de câmbio em vigor nesse período e o conjunto de bens e serviços internacionais da Mercer foram usados como medidas base.

“Os governos e as grandes empresas usam os dados deste estudo para garantirem o poder de compra dos seus colaboradores quando estes são transferidos para o estrangeiro. Os dados referentes aos custos de arrendamento de alojamento são usados para avaliar os subsídios de habitação que serão atribuídos aos expatriados desse local. A escolha das cidades avaliadas baseia-se na procura que existe para estes dados”, explicam os responsáveis da consultora.

A Mercer tem mais de 25 mil colaboradores em 44 países e opera em mais de 130 países.

É uma subsidiária da Marsh & McLennan, a empresa que reclama ser líder global em serviços profissionais nas áreas de risco, estratégia e pessoas.

Com receitas anuais de 17 mil milhões de dólares (USD) e 76 mil colaboradores em todo o mundo, a Marsh & McLennan controla a Marsh, a Guy Carpenter, a Mercer e a Oliver Wyman.

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