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Eterno herdeiro da coroa britânica juntou-se à lista dos infetados com coronavírus

Príncipe Carlos, o filho mais velho de Isabel II, tem apenas sintomas ligeiros da Covid-19 e está a trabalhar a partir da sua residência escocesa. Para o homem que ocupa o primeiro lugar na linha de sucessão do trono há mais de seis décadas, chegou a hora do distanciamento social.
29 Março 2020, 13h30

Conhecido por ser o herdeiro da coroa britânica que há mais tempo ocupa tal posição, sendo o primeiro na linha de sucessão ao trono há mais de seis décadas, e ainda por ter sido coprotagonista de uma das histórias mais mediáticas da realeza nos tempos modernos, o príncipe Carlos volto a ser notícia. E novamente a contragosto, pois um comunicado oficial confirmou na quarta-feira que está infetado com o coronavírus, ainda que o seu estado de saúde não inspire grandes cuidados.

A vida do filho mais velho da rainha Isabel II e do príncipe Filipe começou em 1948, em Londres, mais precisamente em Westminster, e ainda mais precisamente no Palácio de Buckingham. Tinha apenas quatro anos quando a mãe foi coroada rainha e passou a ostentar os títulos de duque da Cornualha, duque de Rothesay, conde de Carrick, barão Renfrew, lorde das Ilhas, príncipe e grande intendente da Escócia e, alguns anos mais tarde, príncipe de Gales.

O primogénito da mulher que se tornou rainha aos 25 anos, após à morte prematura do seu pai, o rei Jorge VI, estudou no severo Gordonstoun College, na Escócia, e foi com gosto que frequentou, por um período letivo, o campus educacional Timbertop, na Austrália, aproveitando para conhecer a Papua-Nova Guiné. De regresso a casa, estudou Antropologia eArqueologia no Trinity College da Universidade de Cambridge, mas mais tarde decidiu mudar para História. O percurso académico do herdeiro da coroa incluiu a aprendizagem do galês na Univerdade de Gales, sendo a primeira vez que um príncipe britânico se interessou por essa língua.

Da universidade, de onde saiu com um bacharelato emArtes, habilitação académica inédita na família real, foi para as Forças Armadas, cumprindo a tradição de prestar serviço militar durante cinco anos. Em 1970, com 21 anos, entrou ao serviço da Royal Navy, como tenente do navio de guerra HMS Norflok.
Embora nunca tenha sido um estranho para a comunicação social, devido à sua posição na família real, a popularidade do príncipe de Gales aumentou quando casou, em 1981, com Diana Frances Spencer, que ficaria conhecida como “Lady Di” e “Princesa do Povo”, e mãe dos seus dois filhos, William e Harry.

O casamento teve lugar na Catedral de São Paulo, foi transmitido pela televisão para todo o mundo e levou cerca de 600 mil pessoas às ruas de Londres para verem de perto o novo casal. A relação terminou com um polémico divórcio, o primeiro na família real britânica, em 1996. A separação fora anunciada quatro anos antes, após a revelação do conteúdo de uma série de conversas telefónicas ter sido publicado, ficando o caso ficado conhecido como “Dianagate”. As gravações mostravam o desagrado da princesa com o casamento, bem como as conversas que Carlos mantinha com a ex-namorada (e futura mulher), Camilla Parker Bowles.

Tão grande foi o choque que o então primeiro-ministro britânico John Major cancelou uma reunião com o presidente da Comissão Europeia, Jacques Delors, para ler uma mensagem do Palácio de Buckingham na Câmara dos Comuns. “O príncipe e a princesa não têm planos para se divorciar”, anunciou.

A relação do casal estava desfeita, mas uma entrevista dada por Diana à BBC motivou o pedido da rainha Isabel II para que o divórcio avançasse. A “Princesa do Povo” falou da infidelidade do marido, chegando a afirmar que “no casamento existiam três pessoas”. Mas também admitiu a sua própria relação extraconjugal com James Hewitt e a tensa convivência com a família real. Viria a morrer um ano depois do divórcio, em 1997, num acidente num túnel rodoviário de Paris, quando tentava escapar aos paparazzi.

Carlos ficou com caminho livre para oficializar a sua relação com Camilla Parker Bowles, já divorciada do primeiro marido. Casaram em 2005, numa cerimónia civil que contou com a bênção distanciada da rainha de Inglaterra e da Igreja Anglicana.

Atualmente com 71 anos, celebrados a 14 de novembro, Carlos está agora a trabalhar a partir da sua residênci, no castelo de Balmoral, na Escócia, onde se encontra em isolamento com a mulher, apresentando apenas sintomas ligeiros da Covid-19. Ao contrário do marido, o teste de Camilla deu resultado negativo, pelo que o casal está a praticar um distanciamento social facilitado pela dimensão do imóvel.

No comunicado que revelou o teste positivo foi ainda referido que a rainha de Inglaterra “esteve com o príncipe de Gales na manhã de dia 12 de março e está a seguir todas as recomendações em relação à sua saúde”. Isabel II celebra 94 anos a 21 de abril e não anunciou real vontade de abdicar.

Artigo publicado no Jornal Económico de 27-03-2020. Para ler a versão completa, aceda aqui ao JE Leitor

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