Oito anos depois na última cimeira entre a União Europeia e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), foi preciso esperar para que a Espanha tivesse ascendido à condição de presidente do Conselho da União Europeia – Portugal podia tê-lo feito, mas preferiu a Índia – para que aquela região voltasse a ganhar o estatuto de prioridade.
Foram oito anos em que a principal notícia vinda da região CELAC foi que a China chegou e pouco depois tinha tomado posse de tudo aquilo que havia para tomar posse. Pequim é o maior parceiro comercial da esmagadora maioria dos países da América Central e do Sul e por isso, no dizer de alguns analistas, resta à Europa surgir como a potência administrante de há cinco séculos atrás, condição que agora é assumida pelo Império do Meio.
O distanciamento entre a União e a CELAC, que a Espanha, como era de esperar, está a tentar diluir, deu-se também pelas enormes dificuldades na conclusão de um acordo abrangente entre os 27 e o Mercosul – acordo que andou em bolandas durante duas décadas e foi ‘bombardeado’ pelas mais diversas entidades.
Na abertura do encontro – onde, entre outros, está o presidente do Brasil, Inácio Lula da Silva – a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou um grande investimento da União Europeia (UE) nos países da América Latina e das Caraíbas. “A UE vai investir muito nos países da América Latina e das Caraíbas”, anunciou (citada pela Lusa) no final de uma reunião com Lula da Silva, à margem da cimeira.
Sem concretizar o investimento que vai ser feito, von der Leyen disse que os 27 querem também “diversificar as cadeias de abastecimento” e ajudar a “reduzir as desigualdades”. Mas o principal ponto é o acordo com o Mercosul: “Queremos, finalmente, chegar à meta!”
“A nossa ambição é resolver quaisquer diferenças que persistam o quanto antes para que concluamos este acordo e queremos ser um parceiro que tem convosco um acordo onde os dois lados vençam”, completou.
Depois desta curta declaração e de uma de Lula da Silva, a presidente da Comissão e o chefe de Estado brasileiro seguiram para um fórum empresarial EU-América Latina e Caribe.
A capital belga esta segunda e terça-feira a primeira cimeira em oito anos da UE com CELAC, que contará com mais de 50 líderes, entre os quais o primeiro-ministro português, António Costa. Esta que é a terceira cimeira da UE com a CELAC vai focar-se no reforço da parceria entre as duas regiões para as preparar para novos desafios, como as consequências da covid-19 e da guerra da Ucrânia causada pela invasão russa, as transições ecológicas e digitais e a retoma da ordem internacional baseada em regras.
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