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Euro começou a circular em 2002 mas a máfia italiana continua a usar a lira

A revelação da existência de uma moeda paralela usada pela Cosa Nostra foi feita num momento em que vários membros da Liga do Norte defendem a criação de uma espécie de mini bilhetes do Tesouro para pagar aos credores do Estado, com os críticos a recearem que provoque a criação de uma moeda paralela e à saída do país do euro.
  • Roma, Itália
15 Junho 2019, 19h48

A máfia italiana continua a usar a antiga moeda do país para fazer negócios ilícitos. A denúncia partiu de um alto quadro da polícia italiana, não sendo claro como é que os mafiosos conseguem converter depois a antiga lira em euros, noticia a Bloomberg.

“Ainda estamos a descobrir grandes quantidades de liras. As liras italianas ainda fazem parte de transações ilícitas”, denunciou Giuseppe Arbore da “Guardia di Finanza”, uma polícia que combate o crime económico, contrabando e também o tráfico de droga, sob a tutela do ministério das Finanças transalpino.

As declarações do polícia tiveram lugar durante na comissão de finanças do Senado italiano em Roma esta semana. Os senadores questionaram Guiseppe Arbore por mais pormenores, mas o polícia rejeitou elaborar devido a investigações que continuam a decorrer.

“Quando uma nota de banco é aceite por uma organização internamente, mesmo que não tenha valor legal, pode fechar negócios. Obviamente que estamos a falar de organizações ilícitas”, de acordo com Giuseppe Arbore, citado pela Bloomberg.

Já em 2012 o banco central italiano revelou estar a trabalhar com o gabinete de investigação anti-máfia devido a relatos de “transações suspeitas” relacionadas com conversões lira-euro.

A revelação da existência de uma moeda paralela acontece numa altura em que vários membros da Liga do Norte de Matteo Salvini, um dos partidos da coligação governativa, defenderam a criação de uma espécie de mini bilhetes do Tesouro para pagar aos credores do Estado. Os críticos já apontaram que este é um primeiro passo para a criação de uma moeda paralela e até uma saída do euro.

A ideia já foi criticada tanto pelo ministro das Finanças italiano Giovanni Tria como pelo governador do Banco Central Europeu (BCE), o italiano Mario Draghi. Estes responsáveis apontaram que os mini bilhetes do Tesouro iriam aumentar a dívida do país e seria ilegal usá-los como uma moeda paralela ao euro, segundo a Bloomberg.

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