A eurodeputada Ana Gomes enviou esta semana cartas ao Governador do Banco de Portugal e demais altos funcionários da instituição, nas quais pede a reavaliação da idoneidade de Isabel dos Santos, filha do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos, enquanto acionista de instituições financeiras e de crédito em Portugal, e de Carlos Silva, na condição de presidente do conselho de administração do Banco Privado Europa (BPAE).
Até há pouco tempo, Carlos Silva era também administrador do BCP-Millenium e Isabel dos Santos continua como uma das principais accionistas do Banco Bic.
O envio das cartas para o Banco de Portugal foi anunciado numa conferência de imprensa no Parlamento Europeu, realizada a propósito do caso judicial Omega Diamonds, empresa que se dedica à extradição de diamantes em Angola em parceria com a empresa ASCorp, que tem Isabel dos Santos como acionista maioritária.
Em comunicado, a eurodeputada alega que a “extração e rotulagem de diamantes provenientes de Angola (…) foi feita de forma fraudulenta” e, em declarações ao Jornal Económico (JE), referiu que a mesma deu azo a “um desvio de fundos através do Dubai para benefício próprio da filha do ex-presidente angolano, lesando assim os cofres públicos angolanos”.
Apesar do anúncio de novo pedido de avaliação de idoneidade ter sido feito após uma conferência de impresa sobre o caso Omega Diamongs , Ana Gomes esclareceu ao JE que as situações “constituem dois assuntos separados”. O pedido formulado ao Banco de Portugal prende-se antes com outro caso judicial em Paris, no qual a empresária angolana prestou declarações evasivas.
Recorde-se que Ana Gomes, em 2016, já tinha pedido a avaliação de idoneidade da ex-presidente da Sonangol junto do Banco de Portugal. Na altura, este pedido foi justificado, de acordo com o comunicado, com a necessidade de se “apurar se os mecanismos de verificação da origem de fundos investidos e património de Isabel dos Santos tinham sido accionados na aquisição de participações sociais em bancos portugueses e outras empresas de grande dimensão”.
Em relação a Carlos Silva, o pedido de reavaliação de idoneidade de Ana Gomes surge com base nas revelações do julgamento da Operação Fizz nas quais se verificaram “abundantes elementos para apontar o BPAE como instrumento central de um esquema de pagamentos ilícitos e crimes de corrupção” por parte de Carlos Silva.
A eurodeputada requereu ainda a reavaliação da licença de operação do BPAE em Portugal.
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