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Ex-governador brasileiro comprou votos para organizar Jogos Olímpicos de 2016

Sérgio Cabral admitiu perante o tribunal que pagou cerca de dois milhões de euros ao ex-presidente da Federação Internacional de Atletismo, Lamine Diack, e que a verba foi usada para comprar até nove votos.
5 Julho 2019, 13h19

O ex-governador do estado do Rio de Janeiro, no Brasil, Sérgio Cabral, admitiu ter comprado votos para garantir que a cidade era escolhida para ser a sede dos Jogos Olímpicos de 2016, conta o jornal espanhol “El Mundo” esta sexta-feira.

Sérgio Cabral esteve em tribunal na quinta-feira e no depoimento feito ao juiz Marcelo Bretas, assumiu ter pago dois milhões de dólares (1,8 milhões de euros) destinados ao ex-presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF na sigla inglesa), Lamine Diack, tendo a verba sido usada para comprar até nove votos.

O chefe do Comité Olímpico Brasileiro e principal organizador da candidatura ao evento desportivo, Arthur Nuzman, apresentou Lamine Diack a um representante do ‘Rio 2016’ e terá pedido para que o ex-líder da IAAF fizesse os pagamentos antes da votação que ocorreu em 2009 e que levou a cidade do Rio de Janeiro a vencer as candidaturas de Madrid, Chicago e Tóquio.

“[Arthur] Nuzman veio ter comigo e disse-me: Sérgio, quero falar contigo sobre o presidente da Federação Internacional de Atletismo, Lamine Diack, que está disposto a aceitar subornos”, afirmou Sérgio Cabral em tribunal.

Em outubro de 2017, procuradores públicos no Brasil acusaram Arthur Nuzman de pagar 1,8 milhões de euros em propinas para garantir que o Rio de Janeiro fosse a sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Arthur Nuzman declarou-se inocente, decisão que os seus advogados fizeram questão de reforçar na quinta-feira.

Em junho, Lamine Diack também foi acusado por um tribunal francês de acusações de que ele e seu filho Papa Massata estiveram envolvidos em várias práticas ilícitas, como suborno e lavagem de dinheiro, com a participação de atletas internacionais e as suas federações.

Sérgio Cabral explicou ao juiz Marcelo Bretas que Arthur Nuzman garantiu que o plano ia funcionar, porque Lamine Diack já tinha levado a cabo este tipo de práticas anteriomente. “Eu disse: Nuzman, quais são as nossas garantias aqui?” E ele disse: “tradicionalmente ele vende 4, 5, 6 votos, há o risco de não chegarmos a uma segunda ronda de votações”, disse ele.

O ex-governador afirmou que Lamine Diack garantiu “até seis votos por 1,3 milhões de euros e que oferecia mais votos se pagasse 500 mil dólares (perto de 450 mil euros)”. Sérgio Cabral confessou ter dado autorização para fazerem o pagamento. “Nós fizemos isso”.

O ex-governador, que foi condenado a quase 200 anos de prisão por envolvimento em vários escândalos de corrupção, admitiu que o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso, e o ex-prefeito Eduardo Paes não participaram neste plano, mas foram informados sobre o mesmo.

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