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Ex-PCA. “A minha dúvida é se há algo para ser privatizado na TACV”

Antigo presidente do Conselho de Administração da TACV, António Neves, diz não confiar nas pessoas que foram chamadas para formatar o novo negócio da companhia aérea cabo-verdiana, referindo-se a “um conjunto de pessoas que faz opinião” a nível do Governo sobre a situação da TACV.
9 Março 2018, 12h14

Chamado ontem, 8, para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga a gestão da TACV desde 1975 até 2016, António Neves, ex-presidente do Conselho de Administração da operadora de bandeira nacional, disse que o Governo deveria alargar o segmento internacional da companhia, reforçar e viabilizar a ligação entre as ilhas.
“Não acreditando que o negócio internacional da TACV seja atractivo suficiente para motivar o investidor estrangeiro, penso que se deveria alargar o segmento internacional e reforçar e viabilizar segmento doméstico a custos comportáveis política, social e economicamente”, afirmou António Neves, que falava durante a audição da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para averiguar os actos de gestão dos TACV.
O ex-gestor defendeu que o Governo deveria manter o serviço público de transportes aéreos assim como os transportes marítimos. Sobre a reestruturação dos TACV, disse que não confia nas pessoas que foram chamadas para formatar o novo negócio da TACV.
António Neves esclareceu que está a falar de “um conjunto de pessoas que faz opinião” a nível do actual Governo sobre a situação da TACV. “Estive, praticamente, quatro anos na TACV e conheço todas as pessoas, nomeadamente quadros e técnicos que trabalham na companhia. E não vejo que essas pessoas tenham lastro para pensarem a companhia e propor soluções”, sustentou o gestor.
Relativamente a privatização da companhia aérea cabo-verdiana, António Neves disse não estar a ver a TACV com activos, nem negócios capazes de interessarem a um investidor racional. “A minha dúvida é se há algo para ser privatizado na TACV”, concretizou.
Durante a audição, António Neves afirmou também que os problemas estruturais da companhia iniciaram com a abertura das operações internacionais, na década dos anos 90. Entretanto, disse que durante a sua gestão, entre 2008 e 2012, a companhia apresentou “resultados, melhorou do ponto de vista comercial, de indicadores técnicos, recuperou a imagem no mercado e começaram a aparecer interessados na empresa”.
No âmbito da reestruturação da empresa, a TACV deixou de fazer voos domésticos entre as ilhas desde Agosto de 2017, que passaram a ser assegurados em exclusividade pela Binter Cabo Verde, companhia em que o Estado cabo-verdiano detém 49% do capital.
O Governo assinou também um acordo com o grupo Icelandair para a gestão da operação internacional da companhia e reestruturação da empresa com vista à sua privatização.
A Comissão Parlamentar de Inquérito para “apurar os actos de gestão dos TACV”, de 1975 a 2017, foi proposta pelo MpD.
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