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Existe risco da “crise de sistema político chegar a Berlim”, alerta Marcelo

No dia em que a chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou que não se recandidatará à presidência do seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), e que este é o seu último mandato como chefe de Estado da Alemanha, Marcelo Rebelo de Sousa pediu “outro dinamismo” aos defensores do projeto europeu.
  • Cristina Bernardo
29 Outubro 2018, 16h07

O Presidente da República advertiu hoje para “o risco de a crise de sistema político chegar a Berlim” e considerou que há uma “tentativa de Paris recuperar o protagonismo baseado no protagonismo apenas de uma personalidade”.

No dia em que a chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou que não se recandidatará à presidência do seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), e que este é o seu último mandato como chefe de Estado da Alemanha, Marcelo Rebelo de Sousa pediu “outro dinamismo” aos defensores do projeto europeu.

O chefe de Estado deixou estas mensagens durante a apresentação de um livro sobre “O Futuro da Europa”, dos professores universitários Fausto de Quadros e Dusan Sidjanski, editado em língua inglesa pela Associação Académica da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, um projeto cofinanciado pela Comissão Europeia.

Num discurso de cerca de vinte minutos, na Aula Magna, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa falou uma vez mais em tom grave sobre o futuro da União Europeia, referindo que a sua “base originária de apoio” entrou em crise, também porque não houve “a pedagogia necessária”, e está hoje ameaçada por “movimentos inorgânicos, por partidos radicais, críticos, céticos, contestatários” do projeto europeu.

“Estamos muito longe do fim desse ciclo. E esperemos que não tenha de terminar como normalmente terminam esses ciclos, numa guerra ou numa crise financeira e económica tão grave, tão extensa, tão ampla que ultrapasse aquilo que alimenta esses radicalismos, que é o alimentarem-se da própria crise, atribuindo a responsabilidade a terceiros. Foi assim que eles cresceram há cem anos. É assim que eles podem voltar a crescer novamente”, alertou.

A cerca de seis meses das eleições europeias, o Presidente da República reiterou que no seu entendimento “a probabilidade de um Parlamento Europeu mais fragmentado é enorme” e “a probabilidade de uma Comissão Europeia mais fraca não é menos acentuada”.

Neste contexto, insistiu em decisões rápidas até lá, embora antevendo que “entendimentos vastos, prévios às eleições, é cada vez mais difícil”.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, “a evolução que, com a crise, já tinha sido da passagem do eixo Paris-Berlim para o eixo Berlim-Berlim, acentua-se agora de uma outra forma, isto é, através da ausência de eixo” político na União Europeia.

“Porque, de um lado, encontramos o risco de a crise de sistema político chegar a Berlim. E do outro lado encontramos a tentativa de Paris recuperar o protagonismo baseado no protagonismo apenas de uma personalidade – não de um partido, não de um regime, não de uma história ou de um legado duradouro, não de um sistema político estabilizado”, expôs, numa alusão ao Presidente francês, Emmanuel Macron.

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