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“Falhou e voltou a falhar”. A moção de censura do CDS que gerou contestação interna

Em outubro de 2017, e no rescaldo do incêndio de Pedrógão Grande, o CDS-PP mostrou a primeira moção de censura ao Governo. Na altura, esse ato gerou contestação interna a Assunção Cristas.
15 Fevereiro 2019, 14h31

O CDS-PP vai apresentar uma moção de censura contra o Governo, avança o semanário ‘Expresso’. A Comissão Executiva dos democratas-cristãos estão a finalizar um documento que deve dar entrada na Assembleia da República, estando previsto um anúncio oficial esta tarde.

Esta é a segunda vez que o CDS-PP, sob a liderança de Assunção Cristas, recorre a este mecanismo que pode provocar a queda do Governo. A primeira vez aconteceu em outubro de 2017, quando o CDS-PP defendeu que houve falhas do Estado na forma como lidou com a questão dos incêndios desse ano, que levaram à morte de pelo menos 116 pessoas.

A 19 de outubro de 2017, o CDS-PP apresentou a primeira moção de censura ao Governo, realçando que o Executivo “falhou, não corrigiu o seu comportamento em tempo, e voltou a falhar” nos incêndios de Pedrógão Grande e do passado fim de semana, na região centro, que provocaram mais de cem mortos.

O partido liderado por Assunção Cristas entregou no Parlamento a moção de censura ao Governo “pelas falhas do Governo nos incêndios trágicos de 2017”. No documento, os centristas apontam o dedo ao primeiro-ministro, a quem acusam de não ter assumido responsabilidades: “O Primeiro-Ministro não se mostrou disponível para assumir as responsabilidades políticas pela parte do relatório que demonstra a falha do Estado, no caso em concreto, no cumprimento das suas funções mais básica: a proteção de pessoas e a proteção do seu território”.

A 24 de outubro, a moção de censura ao Governo foi chumbada na Assembleia da República, esta tarde, com os votos contra dos deputado do PS, PCP, PEV, BE e PAN, sem exceção. Por seu lado, os deputados do CDS-PP (proponente da iniciativa) e do PSD votaram a favor. Tal como era expectável, voltou assim a funcionar a maioria parlamentar que suporta, e continua a suportar, o Governo do PS, apesar das várias críticas que deputados do PCP, do PEV e do BE dirigiram à atuação do Governo no que respeita aos incêndios florestais.

Contestação interna a Cristas

O advogado Pedro Borges de Lemos, militante do CDS-PP, criticou a opção tomada pela direção do partido de avançar com uma moção de censura ao Governo no Parlamento, na sequência das falhas aos incêndios florestais.

“O CDS-PP demonstra com esta moção de censura que quer assumir as rédeas da oposição, o que revela voluntarismo. Mas o timing nunca seria este para o fazer, nem uma moção de censura o expediente mais adequado”, disse na altura, em declarações ao Jornal Económico, acrescentando: “O CDS-PP sabe que o PS, o BE, o PCP e o PEV vão chumbar esta moção, e como o CDS e PSD em conjunto não chegam à maioria absoluta para a aprovar ou seja aos 116 deputados, a moção será inócua sob o ponto de vista político porque não passará na AR”.

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