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Conheça as melhores (e piores) opções para investir as poupanças

Com o Dia Mundial da Poupança a 31 de outubro, os especialistas alertam para baixas poupanças e fraco conhecimento sobre investimento no país.
31 Outubro 2017, 07h35

“A necessidade de constituir poupança tornou-se cada vez mais uma realidade para as famílias portuguesas, seja a que nível for”. É assim que a subdiretora da Sociedade Gestora de Fundos de Pensões (SGF), Mafalda Martins, descreve o cenário em Portugal.

Segundo o European Consumer Payment Report, 58% dos portugueses não consegue poupar dinheiro todos os meses e 17% teve de pedir dinheiro emprestado para pagar as contas nos últimos seis meses. A taxa de poupança das famílias é a quinta mais baixa da União Europeia.

“Nos últimos anos têm-se verificado grandes alterações comportamentais e cada vez há menos pessoas a poupar para ter um ‘pé de meia’ e preparar o futuro”, explicou a diretora de marketing estratégico, inovação e comunicação da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), sobre as razões para a tendência. Segundo Patrícia Fernandes, a poupança tem hoje fins específicos como viajar, estudar no estrangeiro, fazer obras ou trocar de mobília. “Seja qual for o objetivo e a fase da vida de cada um, é sempre possível poupar e continuar a aproveitar a vida”, disse.

Os especialistas são consensuais: o ideal é ter um fundo de emergência (em que possa mexer caso precise de forma imediata) e outro que precaveja o futuro, incluindo a reforma. A forma de investir as poupanças deve diferir consoante as necessidades de um e de outro, sendo que no primeiro caso, o objetivo é poder ter acesso rápido se necessário e no segundo é ter uma rendibilidade de longo prazo.

“A nossa almofada financeira deverá ser de seis meses de salário se formos solteiros e de três meses se formos casados, de forma a prevenir revezes e mudanças na nossa situação financeira, pois como sabemos, o facto de vivermos num ciclo de crescimento económico neste momento, não significa que esse ciclo perdurará, pelo que se queremos viver de forma desafogada e sem preocupações financeiras precisamos de integrar a poupança nos nossos hábitos financeiros, após a recuperação do consumo pós-crise”, explicou Susana Albuquerque, especialista em educação financeira da Associação de Instituições de Crédito Especializado (ASFAC).

“O que é necessário sempre na escolha de investimento é que cada pessoa conheça os seus objetivos financeiros, o seu perfil de risco e nunca investir mais do que 10% do valor disponível em produtos financeiros com risco de perda de capital”, disse a especialista.

Além do domínio privado, os especialistas alertam para a necessidade de uma mudança a nível nacional. “O que é preciso fazer é atacar a raiz do problema, que está no baixo nível de educação financeira”, defende Maria Amélia de Miranda, presidente da Fundação Dr. António Cupertino de Miranda, que implementou o projeto “No Poupar Está o Ganho!” para incentivar a educação financeira em crianças, em 2011.

“É errado pensar que a educação financeira é só para os mais pobres”, explicou. “É para os mais pobres, porque precisam de conhecimentos financeiros que lhes permitam alterar comportamentos e atitudes para poder sair do ciclo de pobreza a que estão confinados, mas é importante para todos, incluindo os ricos, porque também poderão ficar pobres. E é igualmente necessária para a classe média porque também esta terá de aprender a relação do dinheiro com a sua vida, ou seja, tem de saber adaptar os meios de que dispõe às necessidades que tem”.

Da mesma forma, José Veiga Sarmento, presidente da Associação Portuguesa de Fundos de Investimento Pensões e Património (APFIPP) sublinha que a descida nos níveis de poupanças dos portugueses só pode ser travado com incentivos do Estado.

“Neste momento, existe a ilusão que a reforma será assegurada pelo sistema providencial, o que não é real”, disse Veiga Sarmento. “Este cenário não se altera sozinho, tem de ser através de um incentivo político. O que se passa em Portugal é que o discurso político não é verdadeiro e prefere enganar os portugueses”, acrescentando que apesar dos esforços dos operadores financeiros pela literacia financeira, “a única forma de mudar o quadro é os governos pararem de enganar-se a si próprios e aos outros”.

 

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