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Faltam casas para vender no Barlavento Algarvio

A procura por habitação na Zona Oeste do Algarve tem crescido nos últimos anos mas a oferta é escassa, sobretudo de construção nova, por isso a reabilitação tem sido a solução encontrada.
7 Abril 2017, 13h02

O mercado imobiliário no Algarve vai de ‘vento em popa’, a procura cresceu exponencialmente e o destino é cada vez mais apetecível para os estrangeiros. Apesar do aumento na venda de casas, sobretudo para segunda habitação nos últimos dois anos, o número de transações  ainda se mantém inferior ao período anterior à ‘crise’ e a principal razão para isso, é a falta de oferta de construção nova.

Na verdade, em 2016 foram construídas de raiz apenas 130 habitações em toda a Zona Oeste do Algarve e mesmo o volume de novos projetos de segunda habitação em pipeline, é em termos históricos, diminuto em relação à procura. Nem mesmo a oferta de alguns empreendimentos em construção irão colmatar a escassez de oferta. Esta são algumas das conclusões do primeiro estudo realizado sobre o mercado imobiliário na Zona Oeste do Algarve, também conhecido como Barlavento algarvio, levado a cabo pela ImoEconometrics e a   Engel & Völkers (E&V) de Lagos, mediadora alemã de imobiliário de luxo.

Na primeira análise do mercado, verifica-se que a procura por habitação subiu 74% em 2016, relativamente a 2012 (pico da crise) , no entanto, o crescimento real sentido pelos agentes de mercado terá sido ainda superior a esse valor. Como a crise económica provocou uma quase paragem do setor residencial e a procura aumentou, foi necessário encontrar rapidamente uma solução e a reabilitação foi a solução. Sandra Matos, diretora da E&V de Lagos, admite que nos próximos dois anos não se deve verificar grandes alterações na oferta de projetos residenciais de segunda habitação no Barlavento, “o que observamos é o aumento dos preços de mercado dos imóveis usados. Numa boa localização o imóvel usado tem mesmo, no contexto atual, um valor de mercado muito próximo do novo. O grande motor do mercado imobiliário neste cenário tem sido a aposta na reabilitação”.

Estrangeiros não resistem ao Algarve
Outra das razões para o aumento da procura tem sido o interesse estrangeiro – mesmo tendo sido sempre um dos potenciais compradores de imobiliário no Algarve -, acentuou-se nos últimos anos. Dos 529 milhões de euros de volume de vendas de habitação em  2016 no Barlavento, 33% foram de investimento estrangeiro. Susana Matos, salienta que são essencialmente clientes do Norte da Europa, especialmente Alemanha, Suécia e Holanda. “Procuram uma casa de férias ou um local para passar a reforma, e a maioria já visitou a região mais de três vezes. Em consequência de algumas medidas estruturais como o regime fiscal para não residentes e a Autorização de Residência para atividade de investimento ‘GoldenVisa’ temos tido procura por parte de outras nacionalidades menos convencionais como a Itália, Bélgica, França, Brasil, China a  Arábia Saudita ou Estados Unidos”, explica. A responsável adianta ainda que a maioria dos clientes não compra uma segunda habitação a mais de quatro horas de voo do seu país de origem. “Com a diminuição das restrições ao crédito já se nota também uma retoma por parte do mercado nacional”, admite também a diretora da E&V de Lagos.

A procura é muito variada e a responsável explica que os que procuram uma casa de férias preferem moradias com piscina privada e valorizam a privacidade, a vista mar, ou golfe por forma a usufruir em pleno do lifestyle que o clima da região oferece.
Já quem procura um imóvel para investimento procura os spots mais turísticos e prefere os apartamentos ou moradias em resorts ou condomínios privados com piscina e serviços de gestão de propriedade. O objetivo é ter ao mesmo tempo uma casa de férias e um rendimento imediato. As tipologias T2 a T3 são as mais procuradas para este tipo de cliente. Já os clientes reformados gostam de estar perto da cidade e procuram conforto e segurança, a exposição solar e os terraços são muito importantes assim como a proximidade a pé de serviços como supermercados, ou farmácias e preferem apartamentos a moradias.

Na verdade, segundo o estudo, no início de 2017, existiam cerca de três mil imóveis no mercado de oferta do Barlavento, sendo que os concelhos de Lagoa, Portimão e Lagos concentram quase 86% da oferta, enquanto Monchique representa apenas 1% de segunda habitação para venda.  A oferta em contexto de resort também não é muito expressiva na região, representando apenas 23% do total da oferta de segunda habitação e com produto novo é ainda mais reduzida.

Os preços praticados também têm implicações diretas no crescimento da procura. Apesar de se verificar um aumento dos preços, ainda se encontram abaixo do período de crise. No concelho de Portimão, os preços começaram a recuperar no final de 2014, tendo segundo o estudo, recuperado mais de 13%, depois de uma descida nominal de 22% durante a crise. Os preços médios de oferta de segunda habitação no Barlavento situam-se entre os 2.100 e os 2.500 euros o metro quadrado. Lagos e Lagoa  são os concelhos onde se verificam os preços médios mais elevados.

“Os compradores são hoje mais racionais do que no passado, muitos procuram o investimento imobiliário como uma alternativa mais segura relativamente a outro tipo de investimentos, estão mais conscienciosos relativamente ao binómio preço/qualidade. Apesar do notório aumento das vendas a Barlavento entre 2012 a 2016 o valor médio por transação ainda se situa, nesta área específica do Algarve, abaixo dos valores observados antes da crise tornando o produto residencial, em termos históricos, atrativo na perspetiva de investimento”, esclarece Sandra Matos.

Um destino barato em relação a outros da Europa
O facto do Algarve suscitar cada vez mais o interesse internacional também origina o aumento da procura, com a vantagem de ter preços mais apetecíveis do que outras regiões da Europa. A responsável revela mesmo que o Algarve é já um destino bastante consolidado e reconhecido internacionalmente. “Em 2016, Portugal foi uma vez mais eleito como o melhor destino de Praia e Golfe da Europa e o Algarve o melhor lugar do mundo para se viver a reforma. A prestigiada revista Forbes, no seu ranking ‘os melhores países para investir em 2017’ colocou mesmo Portugal acima da Alemanha e Estados Unidos”.
Sandra Matos acrescenta ainda que a costa oeste de Lagos até Aljezur passando por Sagres, é uma das áreas mais preservadas do Algarve, não só porque foi a última a ser desenvolvida mas em grande parte graças ao Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, que proíbe a construção em grande escala. “A indiscutível qualidade de vida de Lagos é reconhecida por uma das marcas de referência mais respeitadas no turismo – a Tripadvisor. A avaliação efetuada baseia-se nos resultados obtidos a partir de experiências partilhadas por turistas do mundo inteiro. Esta é uma distinção única e que merece ser enfatizada”, conclui.

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