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Famílias com filhos gastam mais 646 euros por mês

O peso da habitação, transportes e alimentação não pára de a aumentar no orçamento das famílias portuguesas. Passou de 57% para 60,3% nos últimos cinco anos. Segundo o INE, habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis são as despesas com maior peso. E a diferença é ainda maior nas famílias com crianças dependentes.
18 Julho 2017, 07h30

As famílias com crianças gastam uma  média anual de 25.254 euros, mais 44% face aos 17.949 euros que gastam anualmente as famílias sem crianças a seu cargo. Contas feitas, 646 euros é a diferença média mensal dos gastos entre estes dois tipos de agregados, de acordo com os dados definitivos do Inquérito às Despesas das Famílias 2015/2016 (IDEF)  realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Segundo o inquérito do INE, ontem divulgado, em valores absolutos, este comportamento verificava-se em todas as divisões da COICOP (Classificação do Consumo Individual por Objetivo), com exceção da divisão da “saúde” em que os agregados sem crianças dependentes  registaram uma despesa média anual de 1.134 euros, superior (mais 1,9%) ao registado pelos agregados com crianças dependentes.

Já nas despesas com “ensino” observou-se a maior disparidade entre os dois tipos de agregado familiar em análise, com gastos cerca de oito vezes superiores nos que incluíam crianças dependentes: 1.030 euros face a 123 euros nos agregados sem crianças.

Igualmente, os valores registados pelos agregados com crianças dependentes nas despesas relacionadas com “Vestuário e calçado”, “Lazer, distração e cultura” e “Transportes” eram cerca de duas vezes mais elevados do que os agregados sem crianças, com 1.038 euros, 1.191 euros 3.882 euros, respetivamente, contra 512 euros, 642 euros e 2.266 euros nas famílias sem filhos dependentes.

Mais de 60% das despesas das famílias vai para habitação, transportes e alimentação

Em termos globais , o INE revela que está a aumentar a despesa total média dos agregados familiares em habitação, alimentação e transportes. Absorvem já mais de três quintos do total de despesas, contra 57% há cinco anos. As despesas com habitação são as que levam a maior fatia do rendimento.

No ano passado, a despesa total anual média dos agregados familiares foi de 20.363 euros, menos 28 euros do que a despesa média obtida em 2010/2011 (20.391 euros). Em conjunto, as três principais componentes da despesa (habitação, alimentação e transportes) concentravam 60,3% da despesa total anual média das famílias residentes em Portugal em 2015/2016 ou seja mais 3,3 pontos percentuais (p.p.) relativamente ao início da década (57%).

Os dados do Inquérito às Despesas das Famílias 2015/2016  revelam que do total de despesas a maior fatia (31,9%) destinou-se a “habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis” (6.501 euros),  seguindo-se a despesas em “produtos alimentares e bebidas não alcoólicas” com 14,3% (2.914 euros), e 14,1% nas despesas em “transportes” (2. 863 euros).

“Em conjunto, a despesa nestas três componentes concentrava 60,3% da despesa total anual média das famílias residentes em 2015/2016, o que representa um aumento de 3,3 p.p. relativamente ao início da década (57%)”, revela o inquérito do INE, realizado a cada cinco anos com vista a atualizar periodicamente o volume e a estrutura da despesa das famílias, cujos dados relativos ao rendimento total, pobreza e desigualdade, e a bens de conforto, são agora divulgados pela primeira vez.

A concentração das despesas nestas classes mantinha o perfil da estrutura da despesa observado nas famílias portuguesas desde o início deste século, embora com perda da importância relativa das despesas com “produtos alimentares e bebidas não alcoólicas”.

O IDEF dá conta que estas despesas representavam 18,7% em 2000, 15,5% no período 2005/2006, 13,3% em 2010/2011 e 14,3% em 2015/2016, ou seja, menos 4,4 p.p. do que em 2000. Paralelamente, e no mesmo período, o peso das despesas com “habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis” aumentou de 19,8% em 2000 para 31,9% em 2015/2016.

Segundo o INE, a restante estrutura da despesa total anual média dos agregados manteve-se próxima da verificada em 2010/2011, salientando a redução da importância das despesas com “restaurantes e hotéis” (menos 1,6 p.p. entre 2010/2011 e 2015/2016) e com “Lazer, recreação e cultura” (menos 1,1 p.p.).

 Área Metropolitana de Lisboa ultrapassa média nacional

Por região, apenas o valor da despesa anual média da Área Metropolitana de Lisboa (23.148 euros) ultrapassava a média da despesa nacional (20.363 euros). Já o valor médio mais baixo situava-se em 16.856 euros, registado na Região Autónoma dos Açores.

Também as regiões Norte (com 19.928 euros), Centro (18.875 euros), Alentejo (17.798 euros) e a Região Autónoma da Madeira (18.204 euros), apresentavam valores médios de despesa total inferiores à média global.

Segundo o IDEF, nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira registaram-se em 2014 taxas de risco de pobreza subjacente ao rendimento total superiores a 20%. Estas duas regiões, a par da Área Metropolitana de Lisboa, registavam também coeficientes regionais de desigualdade superiores ao valor nacional.

Risco de pobreza mais acentuado nos Açores e na Madeira

As regiões autónomas dos Açores e da Madeira foram, segundo o INE, em 2014 as regiões em que a percentagem da população com um rendimento total por adulto equivalente inferior ao limiar de pobreza foi mais elevada. Também a região Norte apresentava uma taxa de pobreza superior à média nacional. As regiões do Centro, Alentejo e Algarve, e sobretudo a Área Metropolitana de Lisboa, apresentavam taxas de risco de pobreza mais baixas do que o conjunto do país.

Relativamente à desigualdade na distribuição do rendimento total em cada região, a Área Metropolitana de Lisboa e as regiões autónomas dos Açores e da Madeira registaram os valores mais elevados para o coeficiente de Gini [cálculo usado para medir a desigualdade social] subjacente ao rendimento total, registando níveis de desigualdade do rendimento total por adulto equivalente (respectivamente 33,9%, 33,8% e 31,7%) superiores à média nacional (31,6%).

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