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Famoso filtro de ‘idoso’ já recolheu mais de 150 milhões de fotos. FaceApp diz que apaga depois

A nova aplicação de filtros faciais FaceApp continua a invadir as redes sociais por todo o mundo com o seu filtro de envelhecimento. A app já conta com mais de 100 milhões de transferências e está em primeiro lugar na Google Play Store e Apple App Store.
18 Julho 2019, 12h53

O famoso filtro de ‘idoso’ está a gerar alguma controvérsia devido à sua política de recolha de dados. Já são mais de 150 milhões de utilizadores com dados faciais e nomes recolhidos, revela o site 4gnews nesta quinta-feira, 18 de julho, alertando para os riscos de a aplicação do momento recolher dados pessoais dos utilizadores. Já a a FaceApp indica que ‘normalmente’ apaga as fotografias dos utilizadores após 48 horas.

Esta aplicação para smartphone prevê como uma pessoa vai ser dentro de 40 anos, e foi criada pela empresa russa Wireless Lab. Quando se aceita os termos e condições de uma aplicação, o mais certo é que não se verifiquem quais os termos implícitos, o que muitas vezes pode significar apropriação de dados: e é isto que acontece precisamente com a FaceApp.

Numa entrevista ao Tech Crunch, citada pela 4gnews, a FaceApp indicou que ‘normalmente’ apaga as fotografias dos utilizadores após 48 horas, assegurando que não partilham dados com outras empresas.

“Não é a resposta mais tranquilizante visto que 48 horas são suficientes para usufruir dos dados recolhidos. Além disso, segundo os seus termos, eles não têm obrigação de apagar nada”, alerta o 4 gnews, acrescentando que os dados recolhidos serão “provavelmente utilizados para treinar inteligências artificiais”.

Este site explica ainda que algoritmos de reconhecimento facial requerem bases de dados gigantescas com milhares de caras para referência. Aliás, para conseguir fazer o efeito de idoso, o FaceApp provavelmente vai buscar exemplos de idosos numa base de dados, adaptando depois as características (rugas, barba branca) a cada utilizador.

Acesso a todos os movimentos efetuados pelo utilizador

Nas políticas de privacidade da aplicação, os proprietários utilizam “ferramentas de análise de terceiros” de forma a “ajudar a medir o tráfego e as tendências de uso do serviço”. Assim, estas mesmas ferramentas “recolhem informações enviadas pelo seu dispositivo ou pelo nosso serviço, incluindo as páginas web visitadas, complementos e outras informações que ajudam a melhorar o serviço”.

Ou seja, quando a aplicação está instalada no dispositivo móvel, os criadores têm acesso a todos os movimentos efetuados pelo utilizador. Ainda assim, as políticas assumem a aplicação “recolhe e usa essas informações analíticas com informações analíticas de outros utilizadores, de modo a que não possa ser utilizado para identificar qualquer usuário individual em particular”.

No entanto, a aplicação acrescenta que as informações recolhidas não vão ser partilhadas com outras aplicações que não a FaceApp, sendo algo refutado nas próximas condições presentes no mesmo texto.

“Podemos partilhar o conteúdo do usuário e as suas informações (incluindo, sem limitação, informações de cookies, log de dados, identificadores de dispositivos, dados de localização e dados de uso) com empresas que são legalmente parte do mesmo grupo de empresas do qual o FaceApp faz parte, ou que se tornem parte desse grupo”.

Mas a que informações pode a aplicação aceder?

Tudo. Nos termos e condições aceitados pelo utilizador, a aplicação pede acesso à câmara do smartphone, para conseguir fazer a modificação e avançar 40 anos no tempo. Mas a aplicação pede ainda acesso às galerias onde os ficheiros são guardados e aos conteúdos armazenados em USB, sendo que é dada autorização para “ler o conteúdo no seu armazenamento USB” e para “modificar ou apagar os conteúdos no seu armazenamento USB”.

Quando concorda com a utilização da aplicação, a mesma “recebe dados da internet”, “vê ligações em rede”, “lê configurações de serviço Google”, tem ainda “acesso completo à rede” e “evita que o dispositivo entre em hibernação”.

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