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Fast Ferry exige pagamento da dívida de 22 milhões para alugar navios ao grupo Interilhas

Depois de ter sido eliminada da segunda fase do concurso público internacional para a gestão e exploração do serviço público de transporte marítimo de passageiros e carga em Cabo Verde, a empresa foi chamada a alugar três navios. O presidente do conselho de administração foi ouvido no parlamento cabo-verdiano.
21 Junho 2019, 20h42

A Fast Ferry, uma das empresas eliminada da segunda fase do curso de concessão dos transportes marítimos em Cabo Verde, exige o pagamento das dívidas para alugar os seus três navios ao grupo Interilhas, que surgiu de negociações entre a vencedora do concurso público, Transinsular – que detém 51% do capital da concessionária – e os restantes nove armadores nacionais – com 49% do capital dessa sociedade.

Depois de ser eliminada da segunda fase do concurso público internacional para a gestão e exploração do serviço público de transporte marítimo de passageiros e carga, a Fast Ferry foi chamada a alugar os seus três navios, Kriola, Liberdade e Praia D’ Aguada e Cabo Verde Interilhas.

Andy Andrade, presidente do conselho de administração da Fast Ferry, foi ouvido na comissão parlamentar sobre o processo de concessão, do serviço público de transporte marítimos interilhas. O ‘chairman’ da Fast Ferry  diz que já fez saber ao grupo que só deixará  de ser operador para se transformar numa empresa de ‘leasing’ se a dívida de 22 milhões de euros for paga mediante um contrato  de longo prazo.

“A empresa interessada no ‘leasing’ dos nossos navios é a Interilhas. Ela tem de saber onde irá conseguir a garantia bancária para justificar o afretamento. O valor da dívida é de 22 milhões de euros, e a garantia tem de cobrir todos os nossos compromissos financeiros. Se amanhã não quiserem os barcos eu tenho de ter a garantir que liquida todas as dívidas e não pode ser um leasing de um ano, mas de longo prazo”, disse Andy Andrade aos jornalistas à margem da audição parlamentar.

Caso não se efetivar o acordo, a Fast Ferry “vai continuar a operar no mercado como operador”, acrescentou o presidente do conselho de administração da empresa. E reconheceu ainda que, perante a situação de falência técnica, a empresa não tinha condições de prosseguir no concurso, mas que a situação financeira era resultado de dividas sobretudo do Estado, sócio maioritário, e também porque a empresa era obrigada a operar em linhas deficitárias, como a da ilha Brava.

Neste momento, a situação financeira das Fast Ferry segundo Andy Andrade é a seguinte: “Temos uma dívida obrigacionista de 13,5 milhões de euros, sendo que o primeiro grupo de maturidade, a ser pago no próximo mês de julho, é no valor de 2,5 milhões de euros e os 11 milhões euros restantes estão programados a ser pagos até 2029. A dívida em causa é a que temos com o Estado no valor de 8 milhões de euros, o Estado também nos deve quase o mesmo valor. Podermos fazer ajustes de contas e a dívida desaparece.”

A Fast Ferry foi eliminada do concurso de concessão do serviço público de transportes marítimos interilhas, na segunda fase, mas Andy Andrade garantiu com os três navios tinha condições de cobrir as necessidades do país. “A Cabo Verde Fast Ferry poderia dar a cobertura as necessidades atuais, se tivesse condições diferentes, as mesmas que estão a ser dadas ao vencedor do concurso.

Segundo o presidente da comissão parlamentar de inquérito (CPI) ao processo de concessão do serviço público de transporte marítimos interilhas, Manuel Inocência Sousa, deputado do PAICV, (oposição), ficou estabelecido no contrato que o Estado de Cabo Verde irá pagar uma média de 5 milhões de euros por ano, num período de 20 anos, a Transinsular para os serviços públicos de transportes marítimos.

Quanto ao número de barcos necessários para operar em Cabo Verde, o ‘chairman’ da Fast Ferry diz que 5 embarcações estabelecidos no contrato é um número bom, mas que uma boa pergunta para se fazer ao Estado é se valia a pena trazer um operador de fora quando estes vão usar os navios existentes no país.

Andy Andrade foi ouvido na CPI sobre o processo de concessão do serviço público de transporte marítimos interilhas, que tem uma lista de 25 pessoas para auditar. A audição iniciou a 17 deste mês e prossegue até 2 de julho.

O concurso público internacional para a gestão e exploração do serviço público de transporte marítimo de passageiros e carga entre as ilhas, ganho pela empresa portuguesa Transinsular, esteve e continua envolto em polémica.

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