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Fed: o rumo é gradual, mas a inflação lenta continua a preocupar

As minutas da última reunião da Reserva Federal norte-americana, que teve lugar em dezembro, revelam que o banco central deverá manter o rumo seguido em 2017 em termos de taxas de juro, mas a baixa inflação continua preocupara e os efeitos da reforma fiscal permanecem difíceis de prever.
  • Reuters
4 Janeiro 2018, 07h05

A última reunião da Federal Open Market Committee (FOMC) do banco central norte-americano, realizada a 12 e 13 de dezembro, tinha dois principais motivos de interesse: a questão do terceiro aumento da taxa de juro em 2017 e o facto de ser a derradeira do mandato de Janet Yellen antes de ceder a cadeira da presidência da Reserva Federal (Fed) a Jerome Powell.

O evento não desiludiu. O FOMC confirmou a subida da federal funds rate e, na conferência de imprensa após a reunião, Yellen foi mais efusiva do que habitualmente, dando a sua visão sobre os fatores que deverão influenciar o rumo da política monetária.

As minutas do encontro, divulgadas esta quarta-feira, oferecem, no entanto, alguns detalhes e nuances sobre os desafios que os membros da Fed prevêem enfrentar este ano.

A decisão sobre o aumento da federal funds rate para um intervalo entre 1,25 e 1,5% foi apoiada por sete membros, que referiram que “a posição da política monetária permanece acomodatícia, apoiando assim as condições positivas no mercado laboral e um regresso sustentado da inflação aos 2%”. Os dois membros que votaram contra a decisão argumentaram que o Comité deveria esperar até a inflação se aproximar de forma sustentadas dos 2%, valor que é a meta da Fed.

Quanto aos próximos passos em relação à taxa de juros, as minutas referem que “a maioria dos participantes reiterou o apoio à continuação de uma abordagem gradual para aumentar no intervalo-alvo, referindo que esta abordagem ajuda a equilibrar os riscos às perspectivas sobre a atividade económica e a inflação”.

O documento adianta, no entanto, que os membros do FOMC discutiram vários riscos que, se se concretizarem, levariam à necessidade de um percurso mais rápido para os aumentos da taxa de juro, incluindo a possibilidade de as pressões inflacionárias aumentarem de forma inesperada se a atividade económica expandir para muito além do nível de sustentabilidade máxima, eventualmente devido a estímulos fiscais ou condições acomodatícias no mercado financeiro.

Por outro lado “também discutiram riscos que poderão levar a uma trajetória mais lenta para a federal funds rate no médio prazo, incluindo a incapacidade de inflação, atual ou esperada, subir até ao objetivo de 2%”.

A lentidão da inflação, numa economia que está a crescer cerca de 2,5% por ano e com o desemprego previsto a ficar perto de 4% nos próximos anos, é o principal debate na Fed nesta altura, e a reunião de dezembro não foi excepção.

“Em geral, os participantes vêem o outlook da inflação no médio prazo como tendo mudado pouco, e a maioria comentou que continua a esperar que regresse de forma gradual à meta de 2%. Alguns repararam, novamente, que os fatores transitórios provavelmente pressionaram a inflação na primeira parte de 2017”, referem as minutas.

“No entanto, vários participantes observaram que nas sondagens as expetativas para a inflação permanecem baixas, ou que outros fatores persistentes poderão estar a travar a inflação, algo que apresentaria desafios para o Comité”, acrescentam.

Efeito Trump?

Na conferência de imprensa no final da reunião, Yellen tinha sublinhado que  os cortes nos impostos no país apresentados por Donald Trump (e entretanto aprovados) não vão ser um fator determinante nas decisões de política monetária, dado que os membros da FOMC já foram incorporando a lei fiscal que deverá nas projeções ao longo do ano.

O tema dos efeitos dessa reforma, que implica uma redução do imposto pago pelas empresas de 35% para 21%, e em menor medida para os trabalhadores, não escapou à agenda da reunião, com alguns membros a revelarem que os impactos são difíceis de prever.

“Muitos participantes esperam que os cortes nos impostos cobrados aos trabalhadores irá dar algum impulso ao consumo privado. Alguns referiram que as expectativas sobre a reforma fiscal poderão ter já aumentado esse consumo e provocado subidas nas avaliações de ativos”, explica o documento.

“Vários participantes expressaram incerteza sobre a magnitude dos efeitos da reforma fiscal no consumo privado”, adianta.

 

 

 

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