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Fed passa a tolerar “moderadamente” inflação acima dos 2%

A Reserva Federal vai permitir que a taxa de inflação atinja, de forma moderada, mais de 2% durante algo tempo, depois de estar “persistentemente” abaixo deste limiar.
27 Agosto 2020, 15h16

A Reserva Federal norte-americana (Fed) vai passar a tolerar uma taxa de inflação acima de 2% temporariamente.

Esta é a principal medida que foi aprovada no âmbito das atualizações à declaração sobre os objetivos de longo-prazo e da estratégia de política monetária do banco central e foi anunciada esta quinta-feira pelo presidente da Fed, Jerome Powell, no discurso por teleconferência durante o simpósio económico de dois dias que se realiza anualmente em Jackson Hole, no estado do Wyoming

As alterações à declaração da Fed foram aprovadas por unanimidade de todos os membros do Federel Open Market Committee (FOMC) — o órgão decisório sobre política monetária do banco central — e constituem uma “revisão robusta ao quadro da nossa política monetária”, disse Jay Powell.

O presidente do banco central frisou que “o quadro da política monetária da Reserva Federal tem de se adaptar”, explicando que tem de ser dinâmica e acompanhar os momentos da economia.

A revisão tinha sido anunciada por Jerome Powell em novembro de 2018 e introduziu, essencialmente, três alterações à declaração que estabelece a configuração do mandato do banco central.

Em relação à estabilidade dos preços, o FOMC tornou-se mais tolerante com a forma de atingir a inflação de 2% — objetivo que se mantém — que passa agora por ” atingir [uma taxa de] inflação de 2%, em média, ao longo do tempo”.

Isto significa que, à luz da declaração atualizada, “depois dos períodos em que a inflação tem estado persistentemente abaixo dos 2%, política monetária apropriada irá provavelmente visar alcançar [uma taxa de] inflação moderadamente acima dos 2% durante algum tempo”.

Jerome Powell explicou que “as expectativas de longo prazo sobre a inflação poderão ter pressionado a inflação mais do que o antecipado”.

Desde a última revisão da declaração da Fed, em 2012, ano em que foi introduzido o objetivo de atingir a inflação de 2%, o banco central tem sentido dificuldades em concretizá-lo. Segundo a “Reuters”, os mercados financeiros norte-americanos antecipam que a taxa de inflação em dez anos estará em 1,75%.

O pleno emprego permanece um dos objetivos do banco central e, também neste domínio, a declaração foi alterada. As decisões de política monetária passarão a ter em consideração as análises à “quebra” do nível de emprego face ao seu nível máximo — na versão original, a declaração estabelecia que estas decisões tinham em conta “desvios” do  nível de emprego face ao nível máximo.

Além disso, a Fed passou a reconhecer que as taxas de juro “consistentes” com o pleno emprego e a estabilidade de preços no longo prazo “caíram relativamente à média histórica” e deverão manter-se baixas. Por isso, a federal funds rate deverá provavelmente permanecer mais próxima do seu limite inferior “mais frequentemente do que no passado”.

O FOMC continua a rever os princípios contidos na declaração e a ajustá-los durante a reunião anual de janeiro e vai passar, a cada cinco anos, a levar a cabo “uma revisão profunda” da estratégia monetária, instrumentos e práticas de comunicação.

Até às eleições norte-americanas, marcadas para 3 de novembro, o FOMC apenas reúne nos dias 15 e 16 de setembro. Nessa reunião, deverão ser atualizadas as projeções macroeconómicas.

A reunião seguinte está marcada para os dias 4 e 5 de novembro.

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