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Fed: terceira subida dos juros é dada como certa, novidade poderá residir nas projeções

A reunião da Reserva Federal norte-americana termina esta quarta-feira e os analistas dão o resultado como certo. Nas palavras de Powell vão tentar ler a confiança da instituição face ao futuro da economia do país e à normalização da política monetária.
26 Setembro 2018, 09h30

A Reserva Federal dos EUA (Fed) deverá anunciar esta quarta-feira, às 19 horas, a terceira subida dos juros de referência de 2018. O cenário – justificado pela robustez da economia norte-americana – está a ser dado como certo pelo mercado, que estará mais atento às palavras de Jerome Powell quando atualizar as projeções macro-económicas, meia hora mais tarde.

“Perante o bom dinamismo dos indicadores de atividade e de inflação nos EUA, esperamos que a Fed aumente a taxa de juro de referência para um intervalo entre 2% e 2,25%, nesta reunião”, diz a equipa de research do BPI, numa nota de análise. A posição do BPI não é única. É, aliás, partilhada pela generalidade do mercado.

A justificar a subida de 25 pontos base – a terceira este ano – estão as condições económicas e também as pistas já dadas. Nas últimas semanas, vários membros do Federal Open Market Committee (FOMC) defenderam, em discursos públicos, que a Fed mantenha o percurso de subidas graduais da taxa de juro, pelo menos, até que esta alcance o nível neutral, ou seja, em torno de 3%.

A taxa de inflação global continua forte, tendo-se situado em 2,7% em agosto, enquanto a inflação subjacente se tem aproximado dos 2% nos últimos meses.

Tom otimista de Powell deverá manter-se

“Ainda que o relatório do IPC (Índice de Preços no Consumidor) de agosto tenha ficado ligeiramente abaixo das expetativas, o do emprego forneceu um conjunto robusto de dados”, explicou Franck Dixmier, global head of fixed income da Allianz Global Investors. “As folhas de salários nos EUA mantêm-se vigorosas, o crescimento salarial continua saudável nos 2,9% e o desemprego nos 3,9%. Mesmo o relatório U-6 (taxa natural de desemprego ou de pleno emprego) – a melhor medida para o desemprego – caiu em agosto para o nível mais baixo (e impressionante) em 17 anos”.

“Esta convergência da atividade económica indica claramente uma economia norte-americana em progressão. Mas, apesar de a tendência da inflação ser de subida, não está a aumentar de forma a ser entendida pela Fed como um sinal de alerta”, acrescentou o analista, que também espera uma subida de 25 pontos base na reunião desta quarta-feira.

A equipa de research do Bankinter concorda que deverá ser anunciada uma a terceira subida das taxas e considera que esta “está já descontada pelos mercados, pelo que o mais importante será o guidance para 2019 e as palavras de Powell na conferência de imprensa”.

A Fed vai atualizar o cenário macroeconómico, sendo que a expetativa é que Powell mantenha um tom positivo e o discurso em linha com o plano de reduzir cada vez mais os estímulos monetários à economia norte-americana.

Caminho de normalização poderá trazer divergências

O BPI lembra que os EUA avançam numa fase madura do ciclo económico e que a atividade avança a ritmos superiores ao do crescimento potencial, tendo-se encerrado já o hiato de produção negativo que existia desde a recessão 2007-2009. “Esperamos que a Fed mantenha uma dinâmica sustentada de subidas da taxa de juro de referência, contribuindo para o endurecimento gradual das condições financeiras”, diz, apontando para um intervalo da federal funds rate entre 2,75% e 3% no final de 2019.

Franck Dixmier, da Allianz GI, concorda que a Fed irá manter o curso de normalização da política monetária e antecipa que, em novembro ou dezembro, a instituição liderada por Jerome Powell realize uma quarta subida das taxas. Sublinhou esperar que o FOMC se torne “pragmático” à medida que se aproxima da taxa de juro neutra.

“A médio prazo, as divergências entre os membros centram-se nas decisões que deverão ser adotadas, depois de alcançado o nível neutral: manter constante a taxa de juro para observar como é que a economia reage, ou continuar com os aumentos para evitar um sobreaquecimento da economia”, sublinha Dixmier.

“Independentemente disso, à medida que a Fed se aproxima da taxa neutra, esperamos que se torne imune à pressão política – enquanto avalia o percurso da inflação e os respetivos riscos para a atividade económica dos EUA. Ao mesmo tempo, a Fed está bem ciente dos riscos que pairam no horizonte – incluindo a escalada das guerras comerciais, um hard Brexit, a política controversa em Itália, o contágio nos mercados emergentes e a desaceleração na China”, acrescentou.

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