Muita coisa estranha tem acontecido neste final de ano, como a queda e recuperação da bitcoin, que renasceu como a fénix: depois de ter perdido mais de 25% numa semana, subiu 11% num dia. Para 2018 a saga continua, mas dois factos são certos: a reeleição de Putin como presidente da Rússia e a passagem da Índia a quinta economia do Mundo.

Em março há eleições presidenciais na Rússia, mas Putin já escolheu o vencedor: ele próprio. A mandar no País há 18 anos, decidiu que ainda não chegou a hora de se reformar. Diz o ditado não deixes para amanhã o que podes fazer hoje, portanto foi tratando da oposição e já vai nos 70% das intenções de votos. No caminho ficou Navalny, crítico do governo, cuja candidatura foi rejeitada pela comissão eleitoral por ele ter sido condenado por fraude, acusação que o visado diz ter sido fabricada. Zhirinovsky, um ex-coronel do exército russo e ex-vice-presidente da Duma, populista radical de direita, é o principal opositor, com 8%. É o “clown prince of russian politics”, que nas eleições de 1993 prometeu vodka gratuito aos homens e lingerie bonita às mulheres; uma qualidade sua é divertir Putin, que o quer a continuar à frente do Partido Liberal. Ou seja, vamos ter mais ações desta guerra de informação moderna de agitação e propaganda via email e redes sociais, e de hacking de informação pessoal e financeira, para fragilizar os sistemas políticos e económicos e dividir para Putin reinar. O objetivo já não é reescrever a história, mas escrevê-la pela arte da diplomacia negra e fake news em que os russos excelam. É uma estratégia imbatível: citando Piero Scaruffi, “a cura para eliminar as fake news é as pessoas pararem de ler tweets de 140 caracteres e lerem livros de 600 páginas”. Amanhã não é a véspera desse dia.

Outro facto relevante para 2018 é a Índia ultrapassar o Reino Unido e a França e tornar-se a quinta maior economia do Mundo. A economia indiana está a recuperar da desaceleração devida em parte à supressão das notas de alta denominação, uma medida contra a corrupção: o crescimento do produto passou de “apenas” 5,7% no segundo trimestre de 2017 para 6,3% no terceiro. Em 2018 prevê-se que atinja 7,4%, um ponto acima da China. Desde o Verão de 2016 que dois terços do crescimento do PIB mundial vêm da Ásia e vamos continuar a ver o centro de gravidade económico a deslocar-se para esta zona.

Boa perspetiva não fora a Índia ter défices orçamentais significativos, a China ainda não ter digerido a bolha financeira, o Japão crescer abaixo de 1%, Trump insistir numa política expansionista em pleno emprego (risco de inflação e de forte subida da taxa de juro) e a Europa estar mais dividida que nunca. Pode ser que 2018 não seja muito diferente de 2017.