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Ferro Rodrigues: “Quando o escrutínio é feito com base em calúnias, não é escrutinar, é a democracia a ser atacada”

Presidente da Assembleia da República defendeu ser fundamental garantir que as crises não são base de pretexto “para lançar as sementes de qualquer alternativa anti-democrata” e alertou que “Portugal e os portugueses estão vacinados contra a austeridade. Resta saber se a vacina tem 100% de eficácia”.
  • Miguel A. Lopes/Lusa
25 Abril 2020, 10h41

O presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, enalteceu a importância das comemorações do 25 de Abril no Parlamento e das regras de funcionamento do sistema democrático, defendendo ser necessário garantir que as crises nunca servirão de pretexto para lançar as sementes de qualquer alternativa anti-democrata.

“O pior que podia acontecer à nossa democracia era ver o trabalho de escrutínio próprio das oposições parlamentares ser exercido por poderes fácticos ou inorgânicos, cujos intentos são pouco claros, muitas vezes contraditórios entre si e dificilmente circunscritos em relação às questões em disputa, dos quais não virá nenhuma alternativa política, nenhum benefício democrático”, disse no discurso de abertura das comemorações oficiais do 25 de abril no Parlamento.

“Pior está a democracia quando o escrutínio é feito com base em calúnias, em mentiras, em falsidades, em campanhas de desinformação que apenas visam denegrir as instituições, os seus representantes. Não é isto escrutinar a democracia, isto é a democracia a ser atacada”, acrescentou.

Eduardo Ferro Rodrigues sublinhou o “papel fundamental do Parlamento”: “Honrando hoje o 45 aniversário das primeiras eleições verdadeiramente livres em Portugal, celebrar e não festejar o momento fundador do nosso regime na casa da democracia é hoje também mostrar no presente e para o futuro que independentemente das circunstâncias, mesmo as mais extraordinárias e graves, mesmo em Estado de Emergência como o que vivemos a democracia e o Parlamento dizem presente”.

Para o Presidente da Assembleia da República é fundamental “garantir que as crises nunca servirão de pretexto para lançar as sementes de qualquer alternativa anti-democrata”.

“A Assembleia da República com os seus deputados não saiu do palco democrático e tal como o fez nas últimas semanas, respeitando todas as recomendações ao nível da saúde e segurança, dando o exemplo pela prevenção e pelo trabalho, abriu hoje mais uma vez as suas portas ao País. Se não fechou as portas no passado, não faria sentido que não as abrisse hoje, 25 de abril de 2020, 46 anos de abril que nos deu a liberdade”, frisou, numa alusão à polémica das últimas semanas sobre as comemorações de hoje.

Homenageou “todos aqueles que têm permitido que o país não pare”, realçando o papel dos profissionais de saúde e aos militares, antes de realçar que o Serviço Nacional de Saúde como “uma das maiores conquistas do Portugal democrático”.

Porém, alertou para o futuro, dizendo que ao combate à pandemia soma-se agora o desafio do combate às desigualdades. “Portugal e os portugueses estão vacinados contra a austeridade. Resta saber se a vacina tem 100% de eficácia”, disse.

“A perda de centenas de vidas humanas é a expressão mais violenta da pandemia porque é irreversível”, afirmou.

As comemorações dos 46 anos da “Revolução dos Cravos” está a decorrer de forma limitada devido à pandemia do novo coronavírus. As comemorações no Parlamento não excedem as 100 pessoas, entre presidentes das bancadas parlamentares, deputados e convidados, entre os quais o antigo Presidente da República Ramalho Eanes e representantes da Associação 25 de Abril.

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