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Fiat Chrysler oficializa proposta de fusão com a Renault

O jornal japonês “Nikkei” já tinha noticiado que a proposta seria entregue nos próximos dias. A Fiat Chrysler Automobiles argumenta que a colaboração “melhoraria substancialmente a eficiência do capital e a velocidade do desenvolvimento do produto”.
27 Maio 2019, 10h16

A Fiat Chrysler Automobiles (FCA) apresentou esta segunda-feira uma proposta de fusão “transformadora” com o grupo Renault. O grupo ítalo-americano, que engloba as marcas Fiat e Chrysler, anunciou hoje que já entregou uma carta não vinculativa ao conselho de administração da Renault, sugerindo uma combinação de negócios como uma fusão 50/50.

“As discussões deixaram claro que uma colaboração mais ampla por meio de uma combinação melhoraria substancialmente a eficiência do capital e a velocidade do desenvolvimento do produto. O caso também é fortalecido pela necessidade de tomar decisões ousadas para capturar em escala as oportunidades criadas pela transformação da indústria automobilística em áreas como conetividade, eletrificação e condução autónoma”, argumenta a FCA.

A dupla da indústria automóvel quer criar um portefólio de marcas que faça a cobertura total do mercado e tenha presença nos principais segmentos que consideram premium: Maserati, Alfa Romeo, para as marcas de forte acesso Dacia e Lada, Fiat, Renault, Jeep, Ram, entre outras.  Em termos práticos, a empresa-mãe seria liderada por 11 pessoas, iria negociar na praça de Milão, na Euronext de Paris e na Bolsa de Nova Iorque e os benefícios decorrentes desta combinação de negócios seriam partilhados: 50% para os acionistas da FCA e 50% para os detentores de capital social do grupo Renault.

“Antes de a transação ser fechada, para mitigar a disparidade nos valores do mercado acionista, os acionistas da FCA também receberiam um dividendo de 2,5 mil milhões de euros. Além disso, haveria uma distribuição das ações da Comau [subsidiária italiana da FCA] da para os acionistas da FCA ou um dividendo incremental de 250 milhões de euros se a cisão da Comau não acontecesse”, clarifica a empresa.

O jornal japonês “Nikkei” já tinha noticiado que a proposta seria entregue nos próximos dias. A imprensa nipónica referia ainda que, para chegar a essa fusão, a FCA queria manter na mesma situação a aliança que a Renault tem com a Nissan Motor e a Mitsubishi. O acordo em causa foi moldado em 1999 e um de seus arquitetos foi Carlos Ghosn, ex-presidente da Renault, Nissan e Mitsubishi, agora processado pela justiça do Japão por alegadas irregularidades financeiras.

Ainda assim, o contrato definitivo está sujeito a revisão final e à ‘luz verde’ dos administradores da FCA e da Renault, bem como da respetiva estrutura acionista e de outros requisitos regulatórios.

A Renault expressou anteriormente o seu desejo de alcançar uma fusão com a Nissan Motor, mas o novo presidente da empresa, Jean-Dominique Senard, que substituiu Ghosn à frente da empresa francesa, acredita que a ideia não é uma prioridade. A Nissan Motor, que controla a Mitsubishi, não é favorável a uma fusão com a Renault. A 14 de maio, o presidente executivo da Nissan, Hiroto Saikawa, argumentou que uma possível fusão poderia “minar a força da Nissan”.

A Renault, cujo maior acionista é o Estado francês, com 15,1% do capital, possui 43,4% das ações da Nissan Motor. A empresa japonesa tem, por sua vez, 15% do capital francês.

Casamento Fiat-Renault geraria vendas anuais de 8,7 milhões de carros  

Se a fusão avançar, nasceria a terceira maior fabricante automóvel, logo depois da Toyota e da Volkswagen. Este casamento Fiat-Renault iria gerar vendas de, aproximadamente 8,7 milhões de veículos por ano – sendo que, juntamente com os seus aliados Nissan e Mitsubishi, venderiam de 15 milhões de carros por ano.

Quanto ao impacto nos relatórios e contas, numa base agregada simples das contas de 2018, a previsão é que as receitas anuais da fusão somassem 170 mil milhões de euros, com um lucro operacional de mais de 10 mil milhões de euros e um lucro líquido de mais de 8 mil milhões de euros.

Fruto dos benefícios de escala, do investimento nos carros eléctricos e nesta convergência de plataformas, a FCA estima que aumentem as sinergias e as parcerias externas, incluindo as regalias das mesmas (mais de 5 mil milhões de euros).

Notícia atualizada às 11h50

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