[weglot_switcher]

Fidelidade conclui compra de 51% da peruana La Positiva por 93,5 milhões de euros

A conclusão da OPA marca a entrada da seguradora portuguesa no mercado latino-americano, com a compra de uma posição maioritária no quarto maior grupo do setor segurador no Peru. A La Positiva tem uma quota de mercado de 11% e prémios superiores aos 500 milhões de dólares.
  • Cristina Bernardo
9 Janeiro 2019, 14h11

A Fidelidade finalizou a aquisição de uma posição de controlo na seguradora peruana La Positiva Seguros y Reaseguros por 107 milhões de dólares (cerca de 93,5 milhões de euros), numa operação que reforça a estratégia de expansão internacional da empresa portuguesa.

“A conclusão deste processo de aquisição é mais um passo na consolidação da estratégia de internacionalização da Fidelidade, aproveitando o potencial de crescimento económico sustentado do mercado peruano, marcando, também, o início da nossa expansão na América Latina”, afirmou Jorge Magalhães Correia, presidente do Grupo Fidelidade

O maior acionista da Fidelidade é a Fosun International Limited (Fosun), multinacional chinesa cotada em Hong Kong desde 2007 e que detém 85% da companhia de seguros portuguesa. A Caixa Geral de Depósitos detém os restantes 15%.

Em Portugal, a Fosun é também a maior acionista do BCP, com uma posição de 27,06% e ainda detém 49% da Luz Saúde.

Segundo a Fidelidade, a conclusão da Oferta Pública de Aquisição (OPA) permite a entrada no mercado latino-americano e “tem ainda maior relevância porque  ocorreu em plena concorrência com algumas das maiores companhias de seguros europeias e americanas”. A La Positiva era detida por mais de 20 famílias peruanas.

Quarto maior no Peru

A La Positiva é o quarto maior grupo do setor segurador no Peru, com uma quota de mercado de 11%, prémios consolidados que ultrapassam os 500 milhões de dólares, investimentos de 1,2 mil milhões de dólares e mais de 3,8 milhões de segurados. O seguros não-vida e vida, para clientes individuais e empresas. A seguradora está presente no Perú, Bolívia, Paraguai e Nicarágua.

Andreas von Wedemeyer, presidente da La Positiva salientou que “com a liderança da Fidelidade e o contínuo compromisso com os nossos acionistas e clientes, podemos continuar a crescer no mercado segurador”.

“Para além disso, com o acréscimo de uma gama maior de produtos, o nosso conhecimento e a experiência do cliente, bem como a melhoria dos processos e a tecnologia que a Fidelidade irá trazer, será possível aumentar a nossa participação no mercado peruano”, acrescentou.

O acordo para o lançamento da OPA tinha sido anunciado em março de 2018. A operação teve de obter a autorização do supervisor bancário e do supervisor de seguros do Peru e a oferta foi concluída a 31 de dezembro.

Sétimo mercado externo

Numa apresentação fornecida aos jornalistas, a Fidelidade salientou que, no final de 2017, tinha 3,8 mil milhões em prémios, 31% de quota de mercado em Portugal, 2,2 milhões de clientes e 15,5 mil milhões em ativos sob gestão.

Em termos de desempenho financeiro, o resultado líquido sitou-se em 230 milhões de euros em 2017, acima dos 2016 milhões do ano anterior. A empresa salientou, no entanto, que o mercado em Portugal tem sido marcado por uma tendência descente no ramo vida, que representou prémios de 7,1 mil milhões de euros em 2017, acima dos 6,7 mil milhões do ano anterior, mas já distante dos 10,4 mil milhões de 2014.

A seguradora está presente em seis mercados externos. Na Europa, em Espanha, onde desenvolve atividade desde 1995, tem prémios de cerca de 63 milhões de euros por ano, 80 colaboradores e uma quota de mercado abaixo de 1%. Em, França a quota de mercado é semelhante, com prémios de perto de 66 milhões e  56 colaboradores.

Em África, a empresa opera em três países lusófonos. Em Cabo Verde  tem uma participação de 56% na Garantia (quota de 64,5% e 109 trabalhadores). Em Angola  detém 70% da Fidelidade Angola, um negócio que tem prémios brutos de 71,4 milhões de euros e que emprega 203 pessoas, enquanto Moçambique é a operação mais recente, iniciada em 2015.

Segundo a empresa, a actividade internacional tem tido crescimento orgânico “significativo”, aumentando de um total de prémios brutos de 82 milhões de euros em 2011 para 237 milhões em 2017.

“A ambição da Fidelidade é de se tornar numa referência internacional, com aquisições e parcerias a complementarem o crescimento orgânico”.

A compra da La Positiva no Peru abre portas a outros países no continente para a Fidelidade, a seguradora peruana tem participações financeira na Bolívia (Allianza Generales, 40,5%, e Alianza Vida, 37,5%) e no Paraguay, onde tem uma quota de 14,8% na Alianza Garantia).

A Fidelidade também tem um projeto greenfield, diretamente e sem ser via a La Positiva, no Chile.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.