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FIMFA Lx: há 18 anos a surpreender e a desafiar os limites da criatividade

O que leva largas dezenas de adultos a encher uma sala de teatro para ver marionetas e formas animadas? A pergunta continua por responder ao fim de 18 edições do Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas de Lisboa – FIMFA Lx, que chega este ano à maioridade.
1 Maio 2018, 10h05

Na verdade, não são as respostas que fazem correr Luís Vieira e Rute Ribeiro, diretores artísticos do Festival, mas sim a vontade de questionar o mundo contemporâneo através desta arte tão antiga como o homem. E quem pensa que isto das marionetas é para miúdos está enganado. O público é esmagadoramente adulto, apesar de a programação também pensar nos mais novos.

Luís Vieira e Rute Ribeiro têm motivos para festejar: um ano, dois aniversários – 18 anos de FIMFA e 25 anos de A Tarumba, a estrutura que fundaram em 1993 com pessoas ligadas a diversas áreas artísticas, Teatro, Cinema, Escultura e à História de Arte, para revitalizar esta expressão artística ancestral –, o que os eleva à condição de Sobreviventes (com maiúscula) no meio cultural português. Se a Cultura é, regra geral, sinónimo de escassos recursos financeiros – as denúncias de concursos por abrir, de verbas por atribuir são constantes –, logo de dependência de subsídios do Estado, também o é de criatividade e sobrevivência. Aliás, são as coproduções, os apoios e parcerias, e o trabalho em rede que mantêm o FIMFA vivo.

Isso e a vontade de continuar a agitar as águas, dando a conhecer alguns dos projetos mais pertinentes de reputadas companhias e criadores oriundos de vários países. Na edição deste ano, marcam presença projetos vindos da Alemanha, Bélgica, Eslovénia, Espanha, EUA, França, Inglaterra, Irão, Israel e, claro, Portugal, com um espetáculo do Teatro de Marionetas do Porto, “Arcano”, que assinala os 30 anos da companhia.

A imagem é o mote da 18ª edição: desde projeções de vídeo a manipulação em tempo real, passando pelo encontro entre tecnologia e mecanismos artesanais, pela diversidade de técnicas e de propostas estéticas, que colocam lado a lado processos ancestrais e linguagens inovadoras. Ficam alguns destaques, como o espetáculo de abertura pela companhia espanhola Agrupación Señor Serrano, que apresenta “Birdie”, exercício multimédia com vídeo em direto que é também uma revisitação inovadora do filme “Os Pássaros”, de Hitchcock. O iraniano Ali Moini é acompanhado pelo duo de música eletrónica 9T Antiope num “solo” coreográfico em que surge ligado a uma marioneta de metal de tamanho humano. Objetivo? Questionar o criador e o seu avatar. Ariel Doron, criador israelita radicado na Alemanha, encena um teatro de objetos cruel e pleno de humor. “Plastic Heroes” retrata uma guerra absurda e ridícula, na qual se desconhecem motivos e inimigo.

O encerramento do FIMFA (18-20 de maio) tem a assinatura da conceituada companhia norte-americana Manual Cinema, que nos traz um espetáculo no campo do fantástico com mais de 400 marionetas: “Ada/Ava”, um diálogo entre teatro e cinema habitado por marionetas de sombras, retroprojetores vintage, câmaras, ecrãs, atores e música ao vivo.

Pelo meio há workshops e masterclasses, apresentação de filmes e encontros com os criadores numa edição que, este ano, vai passar pelo Maria Matos Teatro Municipal, São Luiz Teatro Municipal, Teatro Nacional D. Maria II, Teatro do Bairro, Teatro Taborda, Cinemateca Portuguesa e Museu Nacional do Teatro e da Dança, em Lisboa. O novo site já está a funcionar: www.tarumba.pt. Consulte a programação e escolha.

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