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Fitch deverá manter ‘rating’ de Portugal mas pode subir perspetiva para positiva

Agência de notação financeira pronuncia-se esta sexta-feira sobre a dívida soberana portuguesa. A Fitch deverá manter o ‘rating’ de Portugal em ‘BBB’, mas poderá subir a perspetiva de estável para positiva, segundo os analistas consultados pelo Jornal Económico.
  • Reinhard Krause/Reuters
22 Maio 2019, 07h49

A Fitch vai avaliar nesta sexta-feira a notação da dívida soberana portuguesa, com os analistas a anteciparem a possibilidade de uma melhoria da perspetiva, depois da agência norte-americana ter mantido inalterada a avaliação de Portugal em novembro.

“Espero que a perspetiva seja alterada para positiva e o rating deverá manter-se em ‘BBB’, em linha com o da S&P”, refere o economista e presidente da IMF – Informação de Mercados Financeiros, Filipe Garcia. A visão é partilhada pelo analista da ActivTrades Mário Martins, salientando que o upgrade poderá refletir “a estabilidade atual que se vive na economia portuguesa”, ainda que reconheça que “o peso da dívida em relação ao PIB continue muito elevado”.

Já Filipe Silva, diretor de gestão de ativos do Banco Carregosa, está mais otimista e sinaliza que “poderá ser possível assistirmos a uma subida do rating de Portugal”.

“Portugal nos últimos meses tem conseguido fazer consecutivamente o rollover da sua dívida com taxas mais baixas ou negativas dependendo do prazo da mesma, os dados económicos não têm desapontado e continuamos com estabilidade política”, acrescenta.

A Fitch manteve o rating de Portugal inalterado na última avaliação, em dezembro do ano passado, em ‘BBB’ com tendência estável, justificando que os desenvolvimentos económicos e orçamentais desde a última avaliação, em maio, sustentavam a visão que a dívida pública está numa tendência descendente “firme”.

A avaliação da Fitch está em linha com a da S&P, que em março subiu a notação da dívida portuguesa para o segundo grau de investimento e perspetiva estável. A última agência a pronunciar-se sobre a dívida soberana portuguesa foi a DBRS, em abril, que manteve o rating em ‘BBB’, mas subiu a perspetiva de ‘estável’ para ‘positiva’. Apenas a Moody’s avalia a dívida soberana portuguesa em Baa3, com perspetiva estável, ou seja, o primeiro grau de investimento.

Eleições legislativas com pouco impacto 

Os analistas consultados pelo Jornal Económico destacam que Portugal tem renovado mínimos de taxas de juro na emissão de dívida e que a performance económica tem mantido os investidores animados, no entanto, antecipam que não deverá ser suficiente para que a agência de notação financeira norte-americana avance com um upgrade do rating.

“A trajetória recente do défice e das taxas de juro de longo prazo até poderia justificar a melhoria do rating, mas o facto da perspetiva estar ‘estável’, o muito elevado nível de dívida/PIB, a aproximação do ciclo eleitoral e a desaceleração económica europeia deverão levar a agência a apenas melhorar a perspetiva”, explica Filipe Garcia.

Mário Martins considera, no entanto, que as eleições legislativas marcadas para outubro “não deverão ter qualquer efeito na decisão do risco de crédito”. Para o analista da ActivTrades, Portugal beneficia da ausência de probabilidade de um partido populista alcançar um resultado relevante, destacando que “todas as previsões apontam no sentido de se manter o status quo no governo” e que “a estabilidade política de Portugal é um dos nossos principais diferenciadores e assim deverá continuar”, refere.

“Qualquer revisão terá um efeito limitado no yield de curto prazo. A situação mundial continua estável, a guerra comercial entre os EUA e a China sofreu, recentemente, um agravamento e os produtores chineses terão de encontrar novos mercados para escoar os seus produtos, sendo o mercado europeu o mais atrativo. Isto manterá a inflação sob controlo, o que terá um efeito maior sobre os yields que qualquer revisão do grau de risco do país”, refere Mário Martins.

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