[weglot_switcher]

Bancos portugueses estão entre os que precisam de mais provisões para crédito, diz a Fitch

Poderá ser necessário aumentar as provisões para crédito no Chipre, na Grécia e em Portugal, onde a cobertura não é muito superior à média da UE (44,5%), diz a agência de rating na sua análise de hoje aos bancos europeus.
  • Reinhard Krause/Reuters
13 Abril 2018, 15h56

A qualidade dos ativos nos bancos da UE provavelmente continuará a melhorar em 2018 e 2019, ajudada pelo crescimento económico, disse a Fitch Ratings no seu novo relatório emitido hoje.

Mas o crédito improdutivo (NPLs) ainda é muito mais alto no sul da Europa do que a maior parte do norte da Europa e os bancos que não reduzem substancialmente o legado de malparado, numa altura em que se vivem bons ventos económicos, podem ficar sob pressão quando o ciclo económico se inverter.

A qualidade dos ativos dos bancos está a melhorar em toda a UE, estimulada pelo crescimento económico e pelas iniciativas para reduzir os stocks de crédito improdutivo em carteira.

A Fitch prevê que vai continuar o crescimento do PIB em 2018 e 2019, “o que deve se traduzir na continuação dos cenários benignos de qualidade de ativos para a maioria dos bancos do norte da Europa e ajudar os bancos que ainda têm elevados níveis de incumprimento do crédito – principalmente no sul da Europa, Europa Central e Oriental e Irlanda – a reduzir ainda mais estes rácios”.

Na média o rácio de NPL/crédito total nos maiores bancos da UE caiu de 6,5% para 4% no final de 2017, de acordo com os dados da Autoridade Bancária Europeia (EBA). Mas, adianta a Fitch, varia drasticamente de país para país. Vai desde os 0,7% no Luxemburgo para os 44,9% na Grécia.

“Uma divisão norte/sul persiste e esperamos que essa lacuna continue por algum tempo”, diz a agência de rating.

O país com o maior stock de NPL é a Itália, respondendo por 23% dos 813,1 mil milhões de euros no ‘Risk Dashboard’ da EBA no final de 2017, que cobre 190 bancos.

“Abordar estas questões é de suma importância para combater o legado  de crédito problemático da UE”, diz a Fitch.

O stock de NPL dos bancos italianos atingiu o pico em 2016 e desceu para 26% em 2017, e há novas reduções na calha para 2018, diz a nota da agência.

A dinâmica positiva da recuperação económica da Itália, juntamente com a pressão dos reguladores sobre os bancos individualmente, deve ajudar a reduzir ainda mais os stocks de malparado “com as prováveis vendas adicionais de carteiras de NPL a contribuir para essa redução de forma importante”, diz Fitch.

Projetamos um crescimento do PIB em Itália para permanecer no nível de 2017 de 1,5% em 2018 e desacelerar ligeiramente para 1,2% em 2019.

Os bancos investiram recursos substanciais de capital para se protegerem contra o incumprimento principalmente em ativos que foram vendidos ou alvo de imparidades. No entanto, a cobertura do stock de malparado com provisões tem permanecido mais ou menos estável nos balanços, nos últimos quatro anos. Os níveis de cobertura mais baixos para os bancos no norte da Europa devem ser suficientes, dada os fortes colaterais que lhe servem de garantia, fácil execução das hipotecas e mercados imobiliários mais líquidos. No entanto, poderá ser necessário aumentar as provisões no Chipre, na Grécia e em Portugal, onde a cobertura não é muito superior à média da UE (44,5%), apesar das características de mercado mais arriscadas.

“As nossas perspectivas do setor bancário na maioria dos países da Europa Ocidental são estáveis, ​​uma vez que esperamos um crescimento económico em 2018. Nas economias mais fortes, isso deve mitigar a pressão na receita que é exercida pelas taxas de juro baixas, enquanto em economias mais fracas deve ajudar a melhorar a qualidade dos ativos”, refere a agência.

“As nossas perspectivas setoriais em Itália permanecem negativas, uma vez que os bancos ainda são vulneráveis ​​a grandes legados de crédito improdutivo, e tendo em conta que regras de provisionamento mais rigorosas podem enfraquecer a rentabilidade dos bancos e causar escassez de capital em algumas instituições”, adiantam

“A nossa perspectiva do setor do Reino Unido permanece negativa porque esperamos um crescimento mais lento do PIB em 2018 devido à incerteza durante as negociações do Brexit, o que poderá enfraquecer a acessibilidade ao crédito ou a procura de crédito”, diz a Fitch.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.