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Fitch reconhece melhorias na banca portuguesa, mas alerta para má qualidade dos ativos

A recente melhoria nos perfis de crédito da banca portuguesa deverá continuar este ano, beneficiando da recuperação macroeconómica do país, mas a qualidade e rendibilidade dos seus ativos continua baixa, refere hoje a agência de notação financeira Fitch.
  • Reinhard Krause/Reuters
8 Janeiro 2018, 14h50

“A descida do desemprego e uma suave, mas estável, recuperação no mercado imobiliário deverá beneficiar a atividade dos bancos, nomeadamente ao nível do crédito malparado e do volume de negócios”, sustenta a Fitch num relatório divulgado hoje, considerando que “a gestão dos ativos problemáticos herdados da recessão e a transformação dos modelos de negócio tradicionais são os principais desafios enfrentados pelos bancos portugueses no médio prazo”.

Prevendo que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) português se tenha situado nos 2,6% em 2017, a agência antecipa que a expansão económica continue em 2018 e 2019, embora de forma mais lenta.

Depois de, no mês passado, ter revisto em alta os ‘ratings’ e/ou as perspetivas de vários bancos portugueses, na sequência da subida do ‘rating’ da República de ‘BB+’ para ‘BBB’, a Fitch reporta uma “melhoria material” dos principais indicadores dos bancos nacionais em 2017.

“Os bancos aumentaram o capital em cerca de cinco mil milhões de euros e usaram estes recursos para aumentar as taxas de cobertura de ativos problemáticos e para fortalecer os respetivos rácios de capital, com o rácio Tier 1 (fundos próprios de base) a situar-se nos 12,4% no final de junho de 2017, bem acima dos 9,5% do ano anterior”, nota.

Ainda assim, a agência de notação adverte que os ‘ratings’ de viabilidade dos bancos portugueses “continuam abaixo do nível de investimento, devido à fraca qualidade e rendibilidade dos ativos”.

“Os ativos problemáticos – em grande parte dívida corporativa resultante da recessão de 2011-2014 – estão em declínio, tendo caído cerca de 16% na primeira metade de 2017, mas ainda representam cerca de um quarto do Produto Interno Bruto [PIB] português e continuam a prejudicar os resultados”, sustenta, acrescentando, contudo, “acreditar que a revisão feita no ano passado à legislação das insolvências em Portugal irá acelerar a reestruturação e liquidação da dívida, melhorando a situação no médio prazo”.

Segundo a Fitch, o nível de cobertura do malparado apresentado pelos bancos portugueses “é baixo de acordo com os critérios europeus – ainda aquém dos 50% para a maior parte dos bancos portugueses, apesar dos recentes esforços de aprovisionamento – e, apesar de o apetite dos investidores institucionais pelos ativos portugueses de alto risco estar a aumentar, os bancos terão de registar mais imparidades para satisfazer os requisitos de ‘yield’ [margem] dos investidores”.

De acordo com a agência de notação financeira, para além da atual gestão de ativos problemáticos em curso, os bancos portugueses estão focados em estratégias de redução de custos e de aumento da rendibilidade da geração interna de capital, sendo esta melhoria da eficiência operacional “uma prioridade” e não se prevendo mais movimentos de consolidação do setor no médio prazo.

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