[weglot_switcher]

Fitch sobe rating do BCP e já só faltam dois níveis para sair de “lixo”

A Fitch alerta no entanto para o ainda elevado rácio de malparado. “A qualidade dos ativos melhorou, mas permanece fraca pelos padrões internacionais”, diz a agência que alerta para a vulnerabilidade do capital a choques severos na qualidade de ativos.
6 Dezembro 2018, 13h05

A Fitch subiu o rating do Millennium bcp para BB, Isto é subiu um nível (estava em BB-). Mas ainda continua a ser considerado investimento especulativo, no que toca à classificação da dívida.

A agência passou o Long-Term Issuer Default Rating (IDR) de ‘BB-‘ para de ‘BB’ e o  Viability Rating (VR) de ‘bb-‘ para to ‘bb’.

A dívida do banco liderado por Miguel Maya está assim agora no segundo nível da categoria de investimento especulativo (lixo) e a dois níveis de sair dele. O outlook mantém-se estável.

A atualização do BCP reflete a melhoria dos seus indicadores fundamentais, impulsionados, em particular, pela melhoria do resultado operacional e rentabilidade e pelo significativo progresso na redução dos ativos problemáticos, sustenta a Fitch.

A melhoria da qualidade dos ativos do BCP resultou na redução do peso dos ativos ativos problemáticos no rácio de capital. No entanto o rácio de ativos improdutivos ainda continua elevado.

Os ratings do BCP refletem ainda as métricas de qualidade de ativos, que apesar da melhoria, continuam mais fracas do que algumas instituições e domésticas e que a média do setor bancário a nível internacional; e a capitalização do banco que a Fitch vê como vulnerável a choques severos, apesar das melhorias observadas. Por isso o rating do banco continua em lixo, o que afeta o BCP na sua atividade de apoio às empresas.

Mas o rating reflete, pela positiva, a rentabilidade do banco antes de imparidades. O BCP, sendo como o segundo maior banco em Portugal, tem o poder de fixação de preços e tem um bom rácio de eficiência. “A Fitch espera que o ambiente económico em Portugal continue a apoiar o plano do banco de reduzir os ativos problemáticos a níveis mais aceitáveis, bem como da melhoria da rentabilidade do banco”, diz a agência.

Os lucros do BCP têm vindo a recuperar gradualmente, “embora durante o último ciclo económico e de taxas de juros tenham demonstrado que podem ser altamente voláteis”, diz ainda a Fitch.

A melhoria dos resultados líquidos que o banco registou resultou principalmente de menores imparidades (sobretudo para crédito) e de uma melhor eficiência operacional, devido à profunda reestruturação de custos realizada antes de 2017.

“Esperamos que as imparidades decresçam mais em 2019, o que deve levar a uma melhor rentabilidade operacional e uma gradual convergência com os pares internacionais. A rentabilidade operacional e a eficiência de custos pré-imparidade põe o BCP a comparar bem com os pares no mercado interno, oferecendo alguma vantagem se e quando as imparidades para crédito no BCP normalizarem”, lê-se no relatório da Fitch.

A qualidade dos ativos melhorou, mas permanece fraca pelos padrões internacionais. O rácio de malparado continua nos 13,5% no final de junho e a Fitch diz que espera que atinja os 11% a 12% no final do ano. Isto compara com um pico acima de 20% atingido em 2014 (conforme os padrões da EBA). A cobertura por por imparidades de cerca de 50% no final de junho de 2018 também melhorou, mas permanece baixa em comparação com os pares internacionais, resultando numa alta dependência de garantias e colaterais.

A posição de capital do banco melhorou devido a uma combinação de um aumento de capital de 1,3 mil milhões em 2017 e de redução de ativos ponderados pelo risco (RWAs). “Os buffers de capital do BCP são moderados e vemos o capital como altamente vulnerável a choques severos na qualidade de ativos”, adverte a Fitch.

No final de setembro de 2018, o rácio de capital common equity tier 1 (CET1) e o rácio de  capital total (na versão fully loaded) eram, respectivamente, 11,8% e 13,4%. Estes rácios fornecem um amortecedor (buffer) moderado em relação aos requisitos do Supervisory Review and Evaluation Process do BCP de 2018, diz a agência de rating.

O banco espera um impacto negativo gerível nos rácios de capital regulatório, fruto da aquisição do Euro Bank pelo Millennium Bank da Polónia em 2019 (menos de 40 pontos-base no rácio CET1 do grupo, fully loaded).

“A nossa avaliação do nível capitalização do banco leva em consideração com a exposição do BCP a riscos decorrentes de ativos obtidos por execução de incumprimento de crédito e com a exposição a investimentos em fundos de reestruturação. A Fitch estima que os créditos sem colateral suficiente ​​e os ativos obtidos por dação em cumprimento ainda pesam cerca de 90% do CET1  (fully loaded) no final de setembro de 2018.

“Esperamos que o banco continue a fortalecer a sua base de capital com a retenção de lucros e com novas reduções de ativos problemáticos”, recomenda a Fitch.

Em geral, a estrutura de financiamento do BCP manteve-se estável e a posição de liquidez do banco beneficiou de uma substancial desalavancagem do crédito ao longo dos últimos quatro anos. Os depósitos de clientes são a principal fonte de financiamento do BCP, com cerca de 79% do total do financiamento.

O Rating de Suporte (SR) no nível ‘5’ e o Support Rating Floor (SRF) classificado em ‘No Floor’ refletem a crença da Fitch de que os credores seniores do banco não podem contar com o apoio extraordinário total do soberano no caso de o banco se tornar inviável. A Diretiva de Recuperação e Resolução Bancária da UE (BRRD) e o Mecanismo Único de Resolução (SRM) para bancos da zona do euro fornecem uma estrutura para a resolução de bancos que provavelmente exigirão que credores seniores participem nas perdas, se necessário, antes que os Estado intervenham para os salvar.

 

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.