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FMI ainda mais pessimista: vê economia mundial a contrair 4,9% este ano e recuperação mais lenta

Fundo Monetário Internacional está mais pessimista do que em abril e projeta um tombo da economia da zona euro de 10,2% este ano. O impacto negativo da pandemia no primeiro semestre foi mais acentuado do que o inicialmente previsto e efeitos continuarão a persistir no segundo semestre.
24 Junho 2020, 14h00

A pandemia do novo coronavírus teve um impacto negativo no primeiro semestre maior do que o previsto e a recuperação será mais lenta do que o antecipado, levando o Fundo Monetário Internacional (FMI) a cortar as projeções para a economia mundial, face ao último relatório. Segundo o World Economic Outlook, a instituição presidida por Kristalina Georgieva vê agora o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial a contrair 4,9% este ano, antes de uma recuperação de 5,4% em 2021.

O FMI vê ainda a economia da zona euro a tombar 10,2% este ano, um crescimento 2,7 pontos percentuais mais negativos do que em abril, com uma recuperação de 6% em 2021. Entre os 19 países da moeda única, a contração será ainda mais severa: em Itália e Espanha, o tombo será de 12,8% (recuperação de 6,3% em 2021); em França, de 12,5% (recuperação de 7,3% em 2021); e da Alemanha de 7,8% (recuperação de 5,4% em 2021).

Já a economia norte-americana deverá cair 8% este ano e recuperar 4,5% em 2021, enquanto a China deverá escapar à contração e crescer 1% em 2020 e 8,2% em 2021.

Ainda assim, projecta uma recuperação no próximo ano, embora menor do que a prevista em abril. “Prevê-se que o consumo se fortaleça gradualmente no próximo ano e espera-se também que o investimento recupere, mas mantenha-se moderado”, explica, assinalando que o crescimento do PIB mundial “exceda apenas o nível de 2019”.

“A previsão depende da profundidade da contração no segundo trimestre de 2020”, realça, indicando ainda que estará dependente da dimensão e persistência do choque adverso.

Distanciamento social continua a penalizar o segundo semestre 

O FMI, que volta a alertar para o grau de incerteza em torno das projeções mais elevado que o habitual, explica que estas assentam na premissa de que economias com taxas de infeção em declínio, o caminho mais lento da recuperação na atual projeção “reflete um distanciamento social persistente no segundo semestre” deste ano, assim como uma deterioração do potencial da supply chain maior do que o esperado durante o lockdown no primeiro e segundo trimestre deste ano e um impacto na produtividade à medida que as empresas que resistiram aumentam as práticas de segurança e higiene necessárias.

A penalizar o crescimento do PIB estão também para as economias que tentam controlar as taxas de infecção, com a instituição de Bretton Woods a realçar que um lockdown mais longo irá refletir-se num “custo adicional à atividade”. O FMI assinala ainda que as condições financeiras, que diminuíram após a publicação do último relatório, irão permanecer nos níveis atuais.

“Resultados alternativos aos do cenário base são claramente possíveis, e não apenas devido à evolução da pandemia. A extensão da recente recuperação do sentimento do mercado financeiro parece desligada das alterações nas perspetivas económicas subjacentes”, aponta, indicando que as condições financeiras possam ser mais “apertadas” do que no cenário base.

Sinalizando mais uma vez as consequências em todos os espectros da pandemia, o FMI recomenda que todos os países, “incluindo aqueles que aparentemente ultrapassaram os picos das infecções”, devem garantir que os sistemas de saúde têm “recursos adequados”. A par de um incentivo para que a comunidade internacional apoie as “iniciativas nacionais”, nomeadamente no apoio ao desenvolvimento de vacinas, considera que nos casos em que o lockdown seja necessário, a política económica deve mitigar a perda de rendimentos das famílias “através de medidas consideráveis e bem direcionadas”, assim como apoio às empresas.

Por outro lado, destaca que “a assistência à liquidez é urgentemente necessária para os países que enfrentam crises de saúde e défices de financiamento externo, incluindo através do alívio da dívida e financiamento através da rede global de segurança financeira”.

O FMI apela a uma coordenação das respostas dos decisores políticos nas diversas matérias, incluindo nas questões de sustentabilidade. “A comunidade global deve agir agora para evitar uma repetição desta catástrofe, construindo reservas globais de produtos e equipamentos de proteção essenciais, financiando investigação e apoiando sistemas de saúde pública e implementando formas eficazes de dar apoio aos mais necessitados”, acrescenta.

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