Os riscos domésticos e internacionais para a Grécia são elevados e comprometem a saída do país do programa de ajuda externa, segundo o relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) publicado esta terça-feira e que conclui a avaliação no âmbito do artigo IV. A pouco mais de uma semana de o programa ser finalizado, a perspetiva da instituição é pessimista.
“Espera-se que a recuperação se fortaleça a médio prazo, com o crescimento projetado de 2% este ano e 2,4% em 2019, e com o desemprego a diminuir à medida que o diferencial do produto reduz”, refere o relatório do FMI.
“No entanto, os riscos internos e externos apontam para uma evolução desfavorável, incluindo de um crescimento mais lento dos parceiros comerciais, condições de financiamento globais mais apertadas, instabilidade regional, calendário político doméstico e riscos de fatiga das reformas”, alerta.
Além disso, considera que, a longo prazo, o envelhecimento da população deverá pesar no potencial crescimento, aumentando a necessidade de fomentar a produtividade.
Após uma contração económica profunda e prolongada, o crescimento voltou à Grécia no ano passado, em que registou uma expansão do produto interno bruto (PIB) real de 1,4%. O país foi impulsionado pelo crescimento dos parceiros europeus. No entanto, mantém-se os legados da crise, incluindo o elevado desemprego, bem como o endividamento público e privado.
A saída do programa de assistência financeira, que incluiu três pacotes de ajuda desde 2010, está marcado para dia 20 de agosto. O presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, anunciou no mês passado que os países da zona do euro devem desembolsar um empréstimo de 15 mil milhões de euros à Grécia no próximo mês.
“Apesar de a recuperação estar em curso, os diretores [do FMI] salientaram que os legados significativos da crise e as pressões sociais permanecem, e os riscos para o outlook permanecem negativos”, explica o relatório.
Para resolver esses problemas, estimularam esforços adicionais para reequilibrar a política orçamental, fortalecer os balanços dos bancos e reformar os mercados de produtividade e trabalho para impulsionar o crescimento sustentável e inclusivo. Concordaram ainda que, dado o ajuste significativo até o momento, não é necessária maior consolidação fiscal.
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