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FMI: Turismo e economia espanhola explicam diferenças nas projeções para Portugal face a previsões do Governo

Diretor do Departamento Europeu do FMI alertou que a incerteza em torno das projeções macroeconómicas é elevada, mas alertou que as restrições das viagens irá afetar o setor do turismo, com grande peso para a economia portuguesa, também influenciada por Espanha.
  • Bogdan Cristel/Reuters
21 Outubro 2020, 13h38

O Fundo Monetário Internacional (FMI) está mais pessimista do que o Governo sobre a contração da economia portuguesa este ano, mas mais otimista na recuperação do próximo ano e as diferenças resultam sobretudo das perspetivas sobre o impacto do setor do turismo e da análise sobre o comportamento da economia espanhola.

“Há muita incerteza nestas projeções”, vincou Alfred Kammer, diretor do Departamento Europeu (EUR) do FMI, esta quarta-feira numa conferência de imprensa sobre as perspetivas económicas regionais para a Europa este ano e no próximo e as prioridades de política económica nos próximos meses.

Questionado sobre as projeções do FMI para o crescimento da economia portuguesa serem mais pessimista do que as do Governo para este ano, mas mais otimistas para o próximo ano, o responsável da instituição de Bretton Woods explicou que “em relação a Portugal, uma das avaliações é saber como é que o turismo vai ser afetado”, uma vez que o país “tem uma indústria de turismo muito grande”, disse, realçando que o comportamento deste setor tem impactos internos, mas que Portugal “será também afetado pelas restrições das viagens”.

“O que acontece em Espanha afeta o desenvolvimento económico em Portugal. Nas nossas projeções supomos que vai haver uma recuperação mais progressiva em Portugal, mas também temos como pressuposto uma retoma maior”, explicou, acrescentando que “essas diferenças muitas vezes expressam-se em grandes diferenças, naturalmente, em termos de números, mas há muita incerteza em relação a esses números”.

No World Economic Outlook, divulgado na terça-feira passada, o FMI reviu em baixa a projeção para a quebra na economia portuguesa este ano devido à pandemia de Covid-19, com uma recessão recorde de 10%, face aos anteriores 8% e aos 8,5% projetados pelo Governo no Orçamento de Estado para 2021 (OE2021). Por outro lado, enquanto vê uma recessão mais severa que o Governo, também prevê uma recuperação mais forte, de 6,5%, o que compara com os 5,4% que constam no proposta de OE2021.

Já para a economia espanhola, um importante parceiro comercial de Portugal, o FMI estima uma contração de 12,8% este ano, seguida de uma recuperação de 7,2% em 2021.

https://jornaleconomico.pt/noticias/mais-pessimista-que-o-governo-fmi-ve-recessao-de-10-este-ano-em-portugal-649121

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