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Formação para valorização está no topo das prioridades da Ordem dos Contabilistas

As eleições mais participadas de sempre na Ordem dos Contabilistas Certificados resultaram na reeleição de Paula Franco, que aposta na valorização dos profissionais, para desempenharem um novo papel no futuro da atividade.
28 Novembro 2021, 16h00

A atual bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC), Paula Franco, foi reeleita com mais de 88,7% dos votos para um segundo mandato á frente da instituição, no quadriénio 2022-2025, naquele que foi o ato eleitoral mais participado de sempre, com 23.599 votantes, segundo os dados da ata da assembleia geral eleitoral, num universo de mais de 68 mil profissionais.
As eleições decorreram com dois candidatos, os mesmos que há quatro anos disputaram uma segunda volta. A Lista A – “Todos contam com Paula Franco” – foi também a mais votada para o Conselho Jurisdicional e para o Conselho Fiscal, obtendo, ainda, a maioria absoluta para a Assembleia Representativa, batendo a Lista B – “Dignificar a Ordem, valorizar os contabilistas” –, liderada por José Araújo.

Na campanha para a reeleição, Paula Franco definiu uma proposta assente em três pilares: “A Ordem ao serviço dos seus membros”; o “Reposicionamento do Contabilista Certificado na relação entre o contribuinte, a Administração Tributária e o poder político”; e o “Pensar o contabilista certificado do futuro”.

Primeiro, a Lista A defendia que um maior alinhamento entre a OCC e os seus membros. “A regulação profissional e a defesa do interesse público da profissão não são, nem podem ser, realidades contrárias. Assim, cabe ao Conselho Diretivo da Ordem, assegurar que, no exercício das suas funções, consegue conciliar a defesa do interesse público da profissão e a defesa dos direitos e interesses dos contabilistas certificados. Esta gestão, que não se pode confundir com sindicâncias ou posições políticas, deve ser sempre executada com transparência, rigor, honestidade intelectual e moral, e focada na criação de valor da profissão”.

Depois, propõe uma “reinvenção do contabilista certificado”. A equipa de Paula Franco considera que “a revolução nas profissões é hoje afetada pela digitalização de procedimentos, mercado económico global e mudanças climáticas. Estes três fatores mudam o mundo, interagindo entre si e exercendo influência na política, geopolítica, mercado de trabalho, ética e sociedade civil”.

“Para sermos agentes ativos na definição do futuro paradigma social e para termos sucesso, teremos de dispor de competências digitais, no sentido de tirar proveito das novas tecnologias e delas tirar o maior proveito. É necessário um conhecimento apurado e diverso para se ser um bom consultor, ter visão estratégica, saber comunicar e de forma mais ágil, prática e percetível, apostar no marketing digital, melhorar procedimentos internos, desenvolver novos modelos de negócio e criar um ecossistema profissional mais produtivo”, dizem. “Atendendo ao desenvolvimento tecnológico” são assumidos os compromissos de qualificação, informação e disponibilização “de todas as ferramentas necessárias ao desempenho profissional pautado pelos mais elevados padrões de qualidade”.

Na entrevista que deu ao Jornal Económico (JE), antes das eleições, Paula Franco aborda a questão da formação, apontando-a como parte da ideia de colocar os contabilistas mais perto das empresas.
“Vamos sofrer aqui muitas transformações a nível da prestação de contas. Hoje, estamos a passar uma barreira – felizmente, a das tecnologias foi passada um bocado à pressa, conseguimos ultrapassá-la e dar aquele salto que demoraria três ou quatro anos. Com isso, obviamente que já estamos agora abertos para o próximo salto”, explicou.

Este próximo salto é “reposicionar o contabilista como um consultor, muito mais próximo das empresas”. E é aqui que a formação tem um papel determinante. “O contabilista também vai ter que se valorizar muito”, diz. “A nível de remuneração vai ter que ter menos clientes e melhor melhores avenças precisamente para conseguir acompanhar todas as exigências. Hoje em dia, o relato que o contabilista presta é muito com base no quadro financeiro, portanto, análises muito com base em balanço de resultados, pois o relato explica essas rubricas, e agora estamos a caminhar num sentido completamente diferente”, acrescenta. “As empresas vão ter que ser avaliadas de forma a se distinguirem umas das outras e se distinguirem com as suas preocupações. Portanto, neste momento, o que nós temos é que vamos ter de fazer é um relato, prestar contas de forma completamente diferente, privilegiando não só o relato financeiro como o relato não financeiro e seus critérios”, finaliza.

Esta é a questão que alinha com o terceiro ponto proposto em campanha, que é a valorização dos contabilistas como profissão de interesse público. “O interesse público da profissão prende-se com o valor que o poder político, tecido empresarial e a sociedade civil dá ao nosso trabalho. Por forma a não só garantirmos, mas reforçarmos o interesse público da nossa profissão, temos de abraçar o nosso papel e responsabilidade económica, financeira, social e ambiental”, refere a equipa de Paula Franco. “Enquanto criadores de valor dotado de interesse público, devemos procurar desempenhar um papel cada vez mais ativo na construção do paradigma económico e social sustentável, produzindo trabalho que se foque não só no relato financeiro, mas também no relato social e ambiental”, acrescentam.

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