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Fórmula 1 volta às pistas para salvar modelo de negócio. Portugal à espera de decisões

Empresa detentora da prova-rainha do automobilismo procura salvar receitas numa temporada que seria chave na estratégia de médio-prazo de crescimento da competição. Depois de refinanciamento de 3,1 mil milhões de euros, objetivo passa por realizar entre 15 a 18 corridas. Portugal mantém-se fora do Grande Circo.
3 Julho 2020, 14h41

A Formula 1 volta já este fim-de-semana, com o Grande Prémio da Áustria a arrancar uma das temporadas mais complicadas para a organização e equipas do Grande Circo, depois da pandemia da Covid-19 ter adiado a competição. Este adiamento está a colocar em causa a viabilidade financeira de um negócio que registou 1,7 mil milhões de euros de receitas de bilheteira em 2019, ano em que voltou aos lucros, além de captar a atenção de mais de 1900 milhões de telespectadores por todo o mundo.

Depois de registar perdas de 42 milhões de dólares nos primeiros três meses do ano, a Liberty Media, empresa detentora da competição, viu-se forçada a adoptar medidas para fazer face às dificuldades criadas pela propagação do coronavírus, que obrigou ao cancelamento de milhares de eventos desportivos por todo o mundo, incluindo as corridas de Formula 1, depois da equipa Haas ter detectado dois casos de infecção entre os seus colaboradores. A Palco 23, publicação espanhola especializada em finanças desportivas, refere que a Liberty reduziu os seus custos operacionais em 71% no primeiro mês de pandemia, tendo cortado também 15% dos custos administrativos.

Ainda assim, com quebras nas receitas de 84%, que se ficaram pelos 39 milhões de dólares no primeiro trimestre do ano, a Liberty Media viu-se obrigada a rearranjar o seu balanço: vendeu a sua participação de 33% na empresa de concertos Live Nation a uma outra empresa do Grupo Liberty, a SiriusXM Group, por 1500 milhões de dólares. A operação permitiu à Liberty apresentar “um balanço fortalecido que [nos] posiciona para poder apoiar e melhorar o negócio da Formula 1”, dizia à altura Greg Maffei, CEO da empresa.

Dois meses mais tarde, a competição receberia mais uma bóia de salvação, ao conseguir o refinanciamento de 3,1 mil milhões de dólares. Através de uma das suas subsidiárias, a Delta Topco Limited, a Liberty Media conseguiu um acordo de refinanciamento que inclui um empréstimo de 2,5 mil milhões de dólares, bem como uma linha de crédito revolving de 500 milhões. Segundo o acordo, o empréstimo só começará a ser pago em 2022 e a Liberty sujeita-se a algumas condições, como a obrigação de manter 200 milhões de dólares de liquidez, diminuir a distribuição de dividendos ou não contrair mais dívida.

Apesar do retomar da competição, a empresa-mãe continua a esperar perdas para abril, maio e junho. Até mesmo com as corridas que se realizarão (das quais apenas oito estão, para já, oficializadas) a venda de bilhetes será zero. Ainda segundo a Palco 23, o objectivo, agora, passa por conseguir realizar pelo menos 15 corridas, de forma a evitar grandes custos com indemnizações aos operadores televisivos.

Portugal tem ainda a expectativa de poder vir a receber um Grande Prémio, que seria realizado no Algarve. O promotor da prova, Chase Carey, afirmou esta quinta-feira, 2 de julho, que a decisão sobre a realização deste evento deverá ser anunciada “nas próximas semanas”, adiantando ainda que “é preciso acompanhar a evolução da pandemia em alguns países antes de poder tomar uma decisão”. A competição tem confirmadas, para já, oito corridas a realizar na Áustria, Hungria, Reino Unido, Espanha, Bélgica e Itália.

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