A Reserva Federal norte-americana muda de liderança este sábado, apesar de Jerome Powell, um advogado com 64 anos, entrar em funções apenas na segunda-feira. Escolhido por Donald Trump para suceder a Janet Yellen, Powell deverá manter a trajetória atual do banco central, que se prepara para abandonar os estímulos monetários ao país. A atuação em relação à resistente inflação é a principal incógnita.
Nomeado por Trump, a 2 de novembro, Powell foi apelidado pelo presidente como um homem “forte, empenhado e esperto”, com “sabedoria e liderança para guiar a economia [dos EUA] pelos desafios que vai enfrentar”.
Um dos principais desafios será conduzir a redução da folha de balanço do banco central, que irá nos próximos três anos eliminar gradualmente os ativos que adquiriu durante a crise, enquanto aumenta federal funds rates (a expetativa atual é de três subidas este ano). A prosperidade económica deverá ajudar a mitigar os riscos, mas a inflação abaixo da meta de 2% da Fed continua a ser a dor de cabeça.
Franck Dixmier, global head de fixed income da AllianzGI nota que “vai ser interessante ver se o novo presidente da Fed está disposto a abrir o debate sobre a possibilidade de abandonar a meta da inflação, considerada por alguns como sendo muito rigorosa”.
“Contra um cenário recente e decepcionante de dados débeis para a inflação, imputáveis tanto a fatores isolados como a causas mais estruturais, o racional de manter um objetivo demasiado rígido pode ser posto em causa”, afirmou, acrescentando que “a meta da inflação pode ter efetivamente ofuscado a interpretação pelo mercado das intenções da Fed”.
Ouvido no Senado, no final do ano, Powell definiu prioridades em linha com a política praticada por Yellen e também com a expetativa do mercado. O novo presidente da Fed deixou ainda claro que, tal como anteriormente, o banco central vai manter-se flexível no caso de ter de voltar a aplicar políticas não convencionais.
“Não esperamos grandes mudanças na forma como atuais ou futuros dados económicos ou o ambiente de taxas de juro são avaliados pelo FOMC na nova liderança”, explicou Rick Rieder, chefe de investimento fixed income global da BlackRock.
No entanto, lembrou que “ainda há lugares a preencher no board da Fed”, posições que serão ocupados por “personalidades com backgrounds inquestionavelmente diferentes das anteriores”. Segundo Rieder, a dança das cadeiras ainda agora começou e os nomes que faltam conhecer serão determinantes para perceber o funcionamento futuro da Fed.
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