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Fórum para a Competitividade pede programa de recuperação menos focado no Estado

Luís Mira Amaral, presidente da mesa da Assembleia Geral do órgão, critica fortemente a visão de Costa Silva e sobretudo o Plano de Recuperação e Resiliência que, além de partirem de um diagnóstico errado, focam-se excessivamente no Estado.
  • Cristina Bernardo
1 Outubro 2020, 16h09

O Fórum para a Competitividade acusa o Governo de pedir muito mais às empresas do que aquilo que o próprio Estado consegue fazer em termos de salário mínimo. Na sua nota de conjuntura, o Fórum aproveita ainda para assinalar a fraca recuperação da economia neste terceiro trimestre do ano, de acordo com opinião expressa por Luís Mira Amaral, presidente da mesa da Assembleia Geral da entidade.

O Fórum salienta que entre 2009 e 2017 o Indexante de Apoios Sociais (IAS), que substituiu o salário mínimo em 2007, esteve congelado, tendo sofrido atualizações mínimas nos últimos anos. Em 2020, o Estado aumentou o IAS em 3,05 euros, ao mesmo tempo que subiu o salário mínimo em 35 euros, ou seja, exigiu aos privados um esforço mais de dez vezes maior do que o seu próprio.

Apesar da ligeira recuperação na indústria, fortemente motivada pela performance do setor da construção, o comércio a retalho interrompeu em agosto a trajetória de recuperação que experienciava, além de o mês seguinte ter trazido uma quebra da confiança de consumidores e distribuidores.

Também o turismo, pelo peso que representa na riqueza do país, merece uma nota pela recuperação extremamente lenta que vive. Com mais de 70% de quebras nos proveitos, é o mercado interno que mantém algumas condições de sobrevivência do setor, apesar da menor receita gerada por cada hóspede residente quando comparado com os não-residentes.

Assim, o PIB nacional terá crescido apenas entre 0,2% e 0,5% numa análise em cadeia, uma recuperação fraca e incapaz de compensar minimamente as perdas registadas na primeira metade do ano.

O Fórum critica de forma contundente o plano de Costa Silva, algo que já havia feito em notas anteriores, e o Plano de Recuperação e Resiliência do governo, apontando uma maior dependência estrutural da economia em relação ao Estado e concentração dos recursos na despesa e investimento público em detrimento dos apoios a privados.

Para o Fórum, “esta estratégia é errada, além de partir de um diagnóstico mal feito que assume que os problemas de Portugal têm origem numa política ultraliberal” que, segundo a instituição, “nunca existiu”. A consequência poderá ser a transformação dos apoios em despesa pública corrente, tal como já sucedeu com anteriores Quadros Comunitários de Apoio.

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