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França e Irlanda contra acordo do Mercosul. Merkel apoia decisão de Macron

“As decisões e comentários do Brasil mostram que o presidente Bolsonaro decidiu não respeitar os seus compromissos com o clima ou a biodiversidade”, disse um responsável francês à AFP.
  • Reuters
23 Agosto 2019, 17h25

Dois países já mostraram o seu desagrado com o incêndio que teima em lavrar na Amazónia. Depois de França, a Irlanda também se opõe a que se realize um acordo comercial europeu com países sul-americanos, a não ser que o Brasil tome medidas para impedir os incêndios da floresta tropical da Amazónia.

Foi na véspera de mais uma reunião do G7, em Biarritz, que uma fonte próxima de Emmanuel Macron revelou que o presidente francês achava que Jair Bolsonaro lhe tinha mentido quando falaram sobre os seus compromissos climáticos, na reunião do G20 em Osaka.

“As decisões e comentários do Brasil mostram que o presidente Bolsonaro decidiu não respeitar os seus compromissos com o clima ou a biodiversidade”, disse um responsável francês à AFP.

Desta forma, o tratado do Mercosul pode estar em perigo. Assinado após duas décadas de negociação, com o Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, o tratado ainda não foi ratificado e caso o Brasil não tenha um plano de ação para salvar o que resta da Amazónia no seu território, este pode não chegar a acontecer.

O primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, revelou que a Irlanda se opõe à ratificação do tratado. “Não há hipótese de a Irlanda votar o acordo de livre comércio UE-Mercosul, se o Brasil não honrar seus compromissos ambientais”, admitiu Varadkar.

Ainda assim, a Irlanda ainda precisa que outros membros da UE avancem com um pedido de bloqueio para impedir a aprovação do acordo. No entanto, esta pode ser uma das formas mais viáveis de pressionar o presidente brasileiro a repor as medidas que ele próprio retirou e conter o incêndio que está a destruir a zona florestal e que está a matar várias espécies e a ameaçar vidas de indígenas.

Emmanuel Macron já afirmou em público que os incêndios que estão a deflagrar na Amazónia são uma crise internacional e avançou que a questão iria estar no topo da agenda durante a reunião do G7, onde se encontram as maiores economias mundiais como Alemanha, Canadá, Estados Unidos da América, França, Itália, Japão e Reino Unido.

Apesar de não se pronunciar sobre o futuro do tratado de Mercosul, uma porta-voz de Angela Merkel revelou que “a chanceler apoia completamente o presidente francês” neste assunto, adiantando que se trata de uma “situação de emergência aguda” e que vai integrar a agenda política na reunião em Biarritz.

O novo primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, assumiu estar “profundamente preocupado” com os incêndios na Amazónia, não esclarecendo o destino do tratado.

É de recordar que a Alemanha retirou, em conjunto com a Noruega, os apoios financeiros que se destinavam a salvar a floresta da Amazónia, por desconfiarem das intenções de Bolsonaro em relação à proteção dos ‘pulmões do mundo’.

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