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Frasquilho: “interessante” emissão de dívida da TAP vai permitir alongar prazos e gerir o balanço

O ‘chairman’ da companhia aérea nacional afirmou ao JE que a empresa está a ser preparada para um ‘initial public offering’ (IPO), mas alertou que ainda é cedo para apontar para um calendário, pois o foco está na emissão de dívida que arranca esta segunda-feira.
  • Cristina Bernardo
3 Junho 2019, 07h40

O anúncio, na semana passada, de uma emissão de obrigações destinadas a clientes de retalho fez ativar os radares: estará a TAP a voar para mais perto de uma entrada em bolsa? Segundo Miguel Frasquilho, chairman da empresa, é, contudo, ainda cedo para pensar numa data.

Em relação à emissão de dívida, com maturidade a quatro anos e através da qual a TAP quer angariar 50 milhões de euros, Fraquilho disse ao Jornal Económico que “é financiamento da atividade corrente, como em qualquer empresa, e também uma operação que permitirá alongar a maturidade da nossa dívida, portanto é interessante em termos de gestão do balanço”.

O chairman da companhia aérea adiantou que “obviamente pensamos que é uma operação interessante, senão não a teríamos lançado, mas compete agora aos investidores avaliar e nas próximas semanas iremos saber o resultado”.

“Fala-se há muito tempo de um IPO, mas penso que é prematuro nesta altura estar a avançar com uma data”, frisou Frasquilho ao JE. “Sabe-se que é um caminho que está a ser percorrido pela empresa, está a ser preparada para isso, veremos quando é que é possível acontecer”.

Antonoaldo Neves, CEO da empresa, disse em março que a TAP SGPS estava a trabalhar para, a partir de 2020, avançar com uma dispersão em bolsa de entre 15% e 30% do capital.

Saída da HNA “encarada com normalidade”

Nomeado pelo acionsta Estado, uma das funções de Frasquilho como chairman é a gestão da boas relações entre os investidores na TAP. A estrutura acionista mudou recentemente, com a saída do grupo chinês, que março vendeu a posição de 9% no capital da companhia aérea.

O conglomerado chinês anunciou nessa altura que vendeu a participação, que detinha indiretamente na TAP através da Atlantic Gateway, por 55 milhões de dólares norte-americanos (48,6 milhões de euros).  Mais de metade desta participação indireta na TAP foi vendida à Global Aviation Ventures LLC, fundo norte-americano de capital de risco especializado no setor da aviação, por 30 milhões de dólares. O restante passou para as mãos da transportadora aérea brasileira Azul S.A. em troca de 25 milhões de dólares. A Azul foi criada pelo empresário brasileiro David Neeleman, que detém 40% da Atlantic Gateway, tal como o português Humberto Pedrosa.

A transação da posição da HNA na TAP foi concretizada pela venda da subsidiária Hainan Airlines Civil Aviation, constituída para funcionar como o veículo que detinha a participação de 20% na holding Atlantic Gateway, que controla 45% da TAP – o restante capital da TAP é detido em 50% pelo Estado português e em 5% pelos trabalhadores da TAP.

O chairman da companhia aérea frisou que foi uma situação normal.

“Pessoalmente, tal como todos na TAP, tive pena, porque o grupo HNA era a nossa porta de entrada na Ásia”, referiu, recordando que a HNA foi responsável pela operação do vôo entre Pequim e Lisboa durante um ano e três meses.

Fruto das dificuldades que o grupo HNA vinha atravessando e continua a atravessar, não só esse vôo foi surprimido como o grupo saiu da posição que tinha na TAP e de outras actividades que tem noutros setores e países, adiantou Frasquilho.

“A verdade é que essa posição foi comprada pelos outros acionistas privados dentro do consórcio Atlantic Gateway, mostra também uma confiança grande no futuro da TAP”, vincou. “É uma coisa que encaramos com naturalidade. Nas empresas as alterações nas estruturas acionistas acontecem, e portanto é normal e não trouxe nenhum impacto ao plano estratégico que está desenhado para a TAP”.

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