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Fraude e crime económico: se ainda não os sofreu, estão para acontecer

As organizações estão cada vez mais expostas ao risco de sofrerem fraudes e crimes económicos – vindos tanto de dentro como de fora das suas portas. Mas há bloqueios que podem impedir que isso se torne uma fatalidade.
30 Setembro 2018, 19h00

Em Portugal, apenas 34% das organizações afirma ter sido vítima de fraude e crime económico, o que contrasta com os 49% a nível global – adianta o estudo Global Economic Crime and Fraud Survey de 2018, da responsabilidade da PricewaterhouseCoopers (PwC). Mas as boas notícias acabam por aqui: o estudo revela também que o número de organizações que são de facto vítimas de fraude será significativamente superior.

“Na realidade, são ainda poucas as organizações que estão plenamente conscientes dos riscos de fraude que enfrentam”, diz Patrique Fernandes, Forensic Services Partner da PwC na introdução ao estudo – que reúne dados de mais de 7.200 participantes em 123 países, incluindo Portugal com 86 participantes (parte significativa do setor financeiro).

O Global Economic Crime and Fraud Survey de 2018 revela que, embora exista uma crescente consciencialização do risco de fraude e crime económico, “poucas organizações estão conscientes da plenitude dos riscos que existem nas suas próprias estruturas orgânicas e funcionais”.

O desenvolvimento dos números é alarmante: Este ano, 49% dos inquiridos disseram que as suas organizações tinham sido vítimas de fraude ou crime económico, o que contrasta com os 36% obtidos em 2016. Em Portugal, 34% das organizações foram objeto de crimes económicos nos últimos 24 meses o que representa um crescimento significativo face ao anterior Survey (18% em 2016).

“Todas as organizações, por mais atentas que sejam, são vulneráveis a ‘ângulos mortos’, que geralmente só se tornam visíveis depois da fraude ocorrer”, salienta o estudo, adiantando que “é necessário aumentar os esforços de combate à fraude através de procedimentos de identificação desses mesmos ‘ângulos mortos’.

Do mesmo modo que o índice de criminalidade económica aumentou desde 2016, tanto em Portugal como a nível global, “o mesmo sucedeu com o montante que as empresas estão a gastar para combater a fraude: 36% dos inquiridos em Portugal afirmam que as suas organizações aumentaram os gastos com o combate à fraude e ao crime económico nos últimos dois anos, o que compara com 42% a nível global (39% no global em 2016); e 50% dos inquiridos em Portugal afirmam que as suas organizações planeiam aumentar os gastos com o seu combate (44% a nível global).

As organizações estão a utilizar tecnologias cada vez mais poderosas e ferramentas de análise de dados mais robustas para combater a fraude e o crime económico. Para além dos controlos baseados na tecnologia, muitas organizações estão também a implementar canais de denúncias (whistle-blowing) e a tomar medidas para manter a gestão de topo envolvida no tema da fraude.

As áreas de risco acrescido de fraude e aquelas que levam as empresas a desenvolver defesas, são: a vulnerabilidade a ataques cibernéticos (49%), obrigações regulamentares específicas da indústria (37%), plano de resposta cibernética (31%), prevenção de branqueamento de capitais (29%) e anti suborno e anti corrupção (28%).

 

O estudo revela quem em Portugal, houve um decréscimo significativo na parcela de crimes económicos cometidos por agentes internos (de 50% em 2016 para 38% em 2018). De acordo com os inquiridos, em Portugal, a fraude externa supera a fraude interna ao contrário do que se verifica globalmente.

No entanto, “um dos maiores pontos críticos e uma das maiores ameaças de fraude, geralmente não está relacionada com os colaboradores, mas sim com as pessoas com quem estes mantêm relações de negócio. Esses são os terceiros com os quais as empresas mantêm relacionamentos comerciais regulares: agentes, fornecedores, prestadores de serviços e clientes. Por outras palavras, as pessoas e organizações de quem se espera um elevado grau de confiança, mas que podem estar efetivamente a intentar fraude contra a organização”, refere a PwC.

O estudo deixa algumas pistas que podem ser importantes no combate aos vários tipos de fraude e crime económico enfrentados pelas empresas. “Desenvolver uma visão partilhada sobre aqueles que são os principais riscos de fraude e incorporar nos processos e sistemas de negócio uma cultura de combate à fraude são dois dos elementos essenciais de uma estratégia de combate à fraude bem sucedida”, diz o estudo

E deixa um alerta: “A cultura da organização e a forma como se tratam as pessoas é muito mais importante do que se pode pensar na prevenção da fraude. O grau de preparação de uma organização para lidar com um incidente de fraude é determinante para a eficácia de atuação, no que diz respeito à rapidez com que se deteta, mas também na forma como se atua para remediar a fraude e ainda a forma como se gere o impacto mediático e reputacional”.

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