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Full Cycle. A fabricante portuguesa que produz viseiras com plástico recolhido dos oceanos

Estima-se que a cada minuto se despeje no mar o equivalente a um camião cheio de lixo de plástico, onde se pode encontrar objectos tão diversos desde garrafas de água a sacos dos mais diversos tipos. Em tempo de pandemia, a empresa nortenha escolhe dar uma segunda vida a estes resíduos que poluem os oceanos
  • Full Cycle fotografia cedida
6 Julho 2020, 18h20

Dar uma segunda vida ao plástico foi o mote adotado pela Full Cycle que, em tempos de pandemia, decidiu utilizar estes resíduos que poluem os oceanos em viseiras, protetores de orelhas e peças de acessibilidade que permitem não tocar diretamente nas superfícies.

Ao Jornal Económico (JE), Francisco Tenente,co-fundador da empresa conta que a iniciativa conseguiu um investimento de 20 mil euros e espera criar produtos que não sejam apenas úteis durante uma pandemia, mas sim “produtos sustentáveis aplicáveis a qualquer mercado”. O objetivo passa por promover a utilização de produtos reciclados e amigos do ambiente numa altura em que a pandemia reforçou a utilização do plástico.

O protetor de orelhas e as peças de acessibilidade são feitos com material totalmente reciclado e são necessárias 8 e 40 gramas de plástico reciclado, respetivamente, para fabricar cada uma destas peças. No caso da viseira, o plástico reciclado é usado apenas no suporte e nas peças de reforço, o que representa 25 gramas de resíduos reciclados. O objetivo da Full Cycle, porém, é dar mais um passo em frente e procurar alternativas que permitam produzir uma nova versão onde todas as peças serão feitas a partir de plástico 100% reciclado.

“Com este processo, a Full Cycle consegue valorizar os resíduos plásticos que poluem os oceanos, dando-lhes uma segunda vida, ao mesmo tempo que cria uma economia que fomenta a reciclagem e viabiliza estes sistemas de recolha. Para além da redução da quantidade de plásticos nos oceanos, este projeto promove também a reciclagem de redes e outros equipamentos de pesca que são responsáveis pelo ghost fishing e, como tal, contribui para manter a biodiversidade marítima, diminuindo a morte de fauna marítima presa nas redes”, explica Francisco Tenente, cofundador da Full Cycle, em comunicado.

Quanto às peças de acessibilidade, o criador desta ideia explica que são pequenos objetos que ajudam a realizar tarefas simples e rotineiras de forma segura. “Uma peça que se adapta a um puxador de porta (que nos permite abri-la com o antebraço), um pequeno dispositivo que serve para rodar chaves em fechaduras e para premir botões, nomeadamente em elevadores e terminais de multibanco”, explica Francisco Tenente.

“O que se pretende com estas peças é dar segurança à transição para uma nova realidade de cidade, onde não poderá haver contacto direto com portas, campainhas, botões, etc. Tudo o que era normal e seguro deixou de o ser, e temos de ter ferramentas que nos permitam viver e realizar ações banais, como abrir portas e fazer pagamentos em completa segurança”, conclui o responsável.

Para já, a empresa conta ao JE que em termos de pré-vendas, já registaram 750 viseiras e mil salva-orelhas encomendas de clientes como aquários (tipo oceanários), retalhistas, empresas de limpezas, restaurantes, hotéis,  companhias aéreas, câmaras municipais, lares e creches.

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