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Fundação Oriente injetou no BPG mais de 30 milhões desde 2015

A Fundação Oriente voltou a injetar dinheiro no Banco Português de Gestão (BPG), onde detém quase 85%. Desta vez, foram 15,5 milhões de euros em duas operações de aumentos de capital. O que acresce às várias operações de reforço de capital porque tem passado o banco.
8 Janeiro 2019, 07h44

A Fundação Oriente voltou a injetar dinheiro no Banco Português de Gestão (BPG), onde detém quase 85%. Desta vez, foram 15,5 milhões de euros em duas operações de aumentos de capital. Um de sete milhões de euros, antes de 30 de setembro, e outro de 8,5 milhões, no final de dezembro.

A operação resulta de uma diretriz do supervisor que forçou ao reforço de imparidades para NPL (crédito malparado), o que teve um reflexo nos resultados líquidos, agravando os prejuízos, e por essa via obrigou ao reforço de fundos próprios, tal como divulgado em primeira-mão ontem, na edição online do Jornal Económico.

Mas estas não foram as únicas operações de aumento de capital do BPG. Desde 2015 e até ao final de 2018, o montante de aumentos de capital do banco superou os 30 milhões de euros.

O Banco Português de Gestão foi constituído em 29 de setembro de 2000 com um capital social de 18.000.000 euros (18 milhões). No último trimestre de 2001 o Banco procedeu a um aumento de capital para 35 milhões de euros (ou seja, um aumento de 17 milhões) diversificando a sua estrutura acionista.

Conforme consta da aprovação na Assembleia Geral anual, em 30 de março de 2011, nesse ano o capital social foi aumentado pela incorporação do prémio de emissão, que se encontrava registado  na rúbrica “outras reservas”, elevando-se o capital social do Banco para 36.651.915 euros (36,6 milhões).

Em 28 de dezembro de 2015 o Banco procedeu a um novo aumento de capital, através da emissão de 1.736.111 novas ações ordinárias escriturais e nominativas sem valor nominal, passando o capital social do Banco a ser nesta data de 41.651.915 de euros (41,6 milhões). Isto é, um aumento de capital de 5 milhões de euros.

Durante o exercício de 2016 o BPG procedeu a mais dois aumentos de capital (de cerca de 12 milhões de euros): o primeiro em 17 de junho, por entradas em dinheiro, através da emissão de 3.827.751 ações ordinárias escriturais e nominativas sem valor nominal, para um montante de 49.651.914 euros (49,6 milhões). Ou seja, um aumento de capital de 8 milhões de euros. O segundo em 21 de outubro, pela emissão de 1.913.875 novas ações ordinárias escriturais e nominativas sem valor nominal, colocando o capital em 53.651.913 euros (53,6 milhões). Este aumento foi de 4 milhões de euros.

É de realçar que este último aumento de capital integrou-se numa operação combinada de substituição de capital Tier 2 (reembolso antecipado de parte das obrigações subordinadas) por capital Tier 1 (emissão de novas ações). Isto porque em 22 de dezembro de 2014 foi aprovada em Assembleia Geral de acionistas a emissão de um empréstimo obrigacionista subordinado até ao montante de 7,5 milhões de euros.

A emissão ocorreu e foi subscrita, em 30 de janeiro de 2015, no valor total de 6,5 milhões de euros. O BPG era a entidade emitente e o agente pagador. Mas em outubro de 2016 o Banco efetuou um reembolso antecipado de parte desta emissão de obrigações subordinadas, no valor de 3,95 milhões de euros. Esta operação inseriu-se numa operação combinada de substituição de capital Tier 2 por capital Tier 1, que incluiu um aumento de capital no montante de 4,0 milhões de euros.

Isto é, entre o fim de 2015 e fim de 2016, o capital do BPG aumentou 17 milhões de euros.

O Plano de Negócios 2017-2019, aprovado na reunião do Conselho de Administração do BPG de 9 de Março de 2017 previa que o rácio de CET 1 do banco que em 2016 era de 21,61%, fosse de 18,43% em 2017; de 16,41% em 2018 e de 16,58% em 2019.

O Rácio de Capital Total que em 2016 era de 22,26%; passaria para 19,14% em 2017; 17,38% em 2018 e 18,10% em 2019.

O Banco Português de Gestão é hoje detido em 84,19% pela Fundação Oriente e em 5,34% pela STDP, SGPS. Em 3 de junho de 2016, Carlos Monjardino explicou ao jornal Macau Hoje que o Novo Banco, que detinha 2,6%, e a Fundação Stanley Ho, com 2,91%, iam deixar de ser acionistas, numa altura em que a Fundação Oriente reforçou para quase 85%. “É natural isso acontecer dadas as convulsões que houve no Banco Espírito Santo, que tem vendido todas as participações que não são interessantes para eles. E esta não seria. Neste momento não é a melhor altura para a Fundação Stanley Ho fazer mais investimentos no sector financeiro, que não é um sector rentável e que tem bastantes problemas. Sendo muito pequena, não fazia sentido fazer este esforço”, explicou então Carlos Monjardino.

Carlos Monjardino, chairman do BPG, e presidente da Fundação Oriente, tem vindo a falar dos desafios que os bancos atravessam com as crescentes exigências regulatórias. Numa entrevista ao Dinheiro Vivo, Carlos Monjardino realçou que “o setor financeiro levou um pancadão, para não dizer outra coisa, por causa de legislação implementada pelo BCE. E deixou de ser o sítio onde as pessoas gostavam de investir. Deixou de ser uma elite e passou a ser um setor em que ninguém quer investir”.

O Jornal Económico sabe que a venda de, pelo menos, parte do capital do banco, não está fora dos planos da Fundação Oriente.

O Banco foi criado com uma vocação especial para a economia social, numa dupla ótica. Por um lado, procurando soluções e oferecendo produtos e serviços financeiros para  os agentes que atuam nesta área (IPSS, Misericórdias, Institutos, Autarquias, Fundações, Cooperativas, etc.) e, por outro lado, intervindo nos setores emergentes em termos de estruturação de serviços financeiros dos quais se destacam os setores da saúde, turismo, novas tecnologias e energias renováveis. A esta vocação inicial acrescentou-se a atividade de banca comercial, de gestão de patrimónios e de gestão da carteira própria do Banco, lê-se no relatório e contas da instituição.

O BPG está em fase de mudanças dos órgãos sociais. Raul Marques vai ser o novo CEO do banco e haverá um novo membro da comissão executiva. Carlos Monjardino mantém-se como chairman num Conselho de Administração de sete elementos dos quais três são executivos.

 

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