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Fundo americano: Venda da EDP Brasil e centrais a carvão rende 7,6 mil milhões

O fundo Elliott quer reduzir a dívida líquida de 14,5 milhões de euros da EDP. Para tal, defende a venda de vários ativos no Brasil, em Portugal e em Espanha, prevendo um encaixe superior a sete mil milhões. O foco de investimento nos próximos anos devem ser as renováveis, argumentam os norte-americanos.
14 Fevereiro 2019, 14h41

O fundo Elliott quer reduzir a dívida da EDP. Para tal, propõe a venda de vários ativos estratégicos para a elétrica portuguesa: a EDP Brasil, detida em 51% pelo grupo EDP, e vários ativos ibéricos entre centrais a carvão e redes de distribuição. Além de reduzir a dívida, este dinheiro deve servir para a companhia continuar investir em energias renováveis.

A venda destes ativos pode render 7,6 mil milhões de euros à EDP, nas contas apresentadas pelo fundo liderado por Paul Elliott Singer, que detém 2,9% da EDP.

Na radiografia que fizeram à companhia, os norte-americanos concluíram que “a EDP tem que otimizar o seu portfólio para reduzir dívida excessiva e voltar a focar-se nas suas principais áreas de negócio”, segundo comunicado da Elliott divulgado esta quinta-feira, 14 de fevereiro.

A dívida líquida da EDP atingiu os 14.500 milhões de euros em setembro de 2018. Em 2012, a dívida atingiu um máximo de 18.200 milhões de euros, com a companhia a reduzir gradualmente este valor desde então.

 

Como é que a Elliott quer que a EDP angarie os 7,6 mil milhões?

Deste total, 3,6 mil milhões teriam origem na venda de uma fatia de 49% nas redes ibéricas de distribuição de eletricidade. Depois, 2,3 mil milhões de euros seriam encaixados através da venda da fatia de 51,2% da EDP Brasil. Por último, 1,7 mil milhões de euros teriam origem na venda das centrais ibéricas a carvão.

 

Qual o fim que a EDP deveria dar aos 7,6 mil milhões, segundo a Elliott?

Nas contas do fundo norte-americano, a EDP deveria usar 3,5 mil milhões de euros para investir em ativos de energia renovável. Depois, 2,8 mil milhões deveriam ser imediatamente usados para cortar na dívida da companhia, que atingia os 14,2 mil milhões em setembro de 2018. Por fim, o fundo defende que 1,2 mil milhões devem ser usados para o grupo EDP investir na compra de ações da companhia.

 

Os três ativos que a Elliott defende que a EDP deve vender para reduzir a dívida 

1 – Venda da EDP Brasil

Diagnóstico: Para reduzir a dívida atual, o fundo que detém 2,9% da EDP começa por exigir a venda da EDP Brasil, argumentando que esta empresa “fica atrás da concorrência em termos de investimento e ocupa o sétimo lugar na produção privada de energia e o nono lugar na distribuição”.

O fundo também destaca que a venda desta fatia iria permitir à EDP reduzir a sua exposição à “volatilidade do real brasileiro, bem como a um custo médio ponderado de capital mais elevado, que se reflete no múltiplo de negociação mais baixo da empresa”.

Solução: Os 51% que o grupo EDP detém na EDP Brasil poderiam ser vendidos “com um prémio significativo em relação ao valor atual de negociação, em linha com as recentes transações de utilites [energéticas] no Brasil, tendo em conta que existe procura considerável por este tipo de plataformas”.

Assim, a Elliott destaca que a “libertação do valor retido na EDP Brasil permitiria à EDP cristalizar mais-valias significativas, dispondo de mais capital para utilizar em oportunidades de investimento atrativas noutros locais”.

 

2 -Vender centrais a carvão em Portugal e Espanha

Diagnóstico: A Elliott defende que a EDP deve “concentrar-se em investir na sua principal área de negócio, nomeadamente da empresa como líder mundial no mercado das energias renováveis e como um dos produtores de energia mais ecológicos da Europa”.

Solução: “A EDP deve vender os ativos térmicos ibéricos para se concentrar numa carteira de ativos mais focada e coesa, ao mesmo tempo que angaria capital significativo para investir em projetos de maior retorno no âmbito das energias renováveis”.

A Elliott calcula que o grupo EDP pode encaixar 1,7 mil milhões de euros “com base em transações precedentes comparáveis”. O fundo argumenta que a “venda do portfólio de produção de energia térmica da EDP é consistente com a estratégia da administração da EDP”.

Com a venda das centrais a carvão, a EDP poderia “angariar capital significativo para investir em projetos de maior retorno no âmbito das energias renováveis”.

 

3 – Vender 49% da participação da EDP na distribuição elétrica ibérica

Diagnóstico: Atualmente, assiste-se a um aumento da “procura significativa por parte de investidores em infra-estruturas que valorizam os ativos de rede com um prémio substancial nos mercados públicos”, argumenta a Elliott.

As redes ibéricas são assim um “ativo regulado com fluxos de caixa de longa duração”, sendo por isso atrativas para investidores conservadores, como fundos de pensões.

Solução: Neste cenário de valorização do valor destes ativos, a Elliott defende que a EDP deve vender uma participação de 49% na sua “distribuição de eletricidade ibérica”.

O fundo dá o exemplo da operação em que a Naturgy vendeu 20% na distribuição espanhola de gás, que rendeu quatro mil milhões de euros extra. “Estamos confiantes que a EDP está bem posicionada para aproveitar uma oportunidade semelhante de criação de valor”.

Aliado à subida do rating da EDP, “os negócios da EDP nas redes ibéricas serão atrativos para um grande número de compradores”, prevê a Elliott.

 

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